O The Merge, a mais importante atualização da Ethereum, que ocorreu dia 15 de setembro de 2022, completou com sucesso a mudança do consenso de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS). Mas o que essa mudança de “lado” da Ethereum significa exatamente para o ecossistema da própria blockchain, o mercado cripto e os seus grandes agentes? Na visão de Tyler Roessel, diretor de Relações Públicas da Phemex, tanto para o roteiro de longo prazo quanto ao desenvolvimento contínuo deste protocolo, ainda há muito a ser visto a partir da fusão, e, realisticamente, as mudanças mais notáveis acontecerão durante a próxima “bull market”, por volta de 2024.
“Apesar de não enxergar muitas diferenças na rede da Ethereum a curto prazo, a fusão já promoveu algumas mudanças necessárias em como a rede funciona, com redução de 99.5% no consumo de energia, e, com isso, também a possibilidade para qualquer um se tornar validador, desde que tenham participação de 32 ETH. Com o número de endereços criptográficos que qualificam para ser um validador em seu maior nível histórico, podemos assumir que há, ainda, muitos aspectos de mudanças a serem reconhecidos a partir da fusão, especialmente ao considerarmos o Sharding e a escala de ‘layer2 rollups’”, afirma.
O “sharding” divide a rede blockchain em fragmentos individuais (ou shards) levando a um aumento na taxa de transferência de transações, enquanto o “layer2 rollups” permite que as validações de transações de determinado blockchain sejam feitas em outra paralela, conectada à original, ou ainda mesmo em uma versão fracionada dela. A vantagem é uma maior velocidade, com taxas menores de operação na rede.
Para o executivo de relações públicas, já há pequenos, mas significativos, resultados após o Merge. E a tendência é que os mesmos sejam cada vez melhores.
“A curto prazo, não vejo muitas mudanças na rede da Ethereum como já mencionado. Porém, mesmo a uma taxa de retorno menor do que a prevista antes da fusão, eu vejo que já há mais investidores apostando em ETH para um retorno financeiro estável, e essa porcentagem ainda tem a oportunidade de crescer. E, mesmo passando por um período de “inverno cripto”, estou confiante de que há diversos projetos e ‘dAPPs’ (aplicativos desenvolvidos com base na tecnologia Blockchain) que seguem sendo aprimorados, assim como novos que estão sendo desenvolvidos; e, com o crescente montante de bridges (protocolos utilizados para migrar ativos de uma blockchain para outra) da EVM (Máquina Virtual Ethereum), nós deveremos obter a utilização total de ETH 2.0 no “bull market”, adiciona Roessel.
Por fim, o especialista ainda comentou que os principais agentes do mercado não devem seguir o mesmo caminho que a Ethereum, apenas por conta de suas particularidades.
“É muito fácil entender a diferença buscada pela Ethereum na mudança de PoW para PoS como algo que já vinha sendo trabalhado há um bom tempo, mas isso não significa que todos os protocolos podem, devem ou até mesmo irão mudar para PoS. Os mecanismos por trás de cada protocolo não são os mesmos, então, quando falamos sobre os principais protocolos de PoW como Bitcoin, Litecoin e Bitcoin Cash, eu realmente não vejo uma mudança nessa direção baseada nas suas utilidades. O Bitcoin, por exemplo, depende do protocolo PoW e o seu valor é intrínseco na mineração. O PoS, removeria toda a mineração, e seria muito difícil administrar os padrões atuais, sem mencionar ter que escrever toda uma nova cadeia e depois convencer a todos de que é para melhor”, observa.
Tyler completa: “Enquanto a Cardano e a Solana talvez possam se beneficiar nesse momento dessa transição de sucesso através do que o Merge da Ethereum atingiu ao mudar de PoW to PoS, elas ainda têm muito o que provar, e a ETH está incluída nisso, em relação ao que irá significar a longo prazo para cada protocolo individualmente.“