O Swift, sistema de comunicação financeira, divulgou um projeto, em colaboração com a Capgemini, para criar uma rede global com as moedas digitais emitidas por bancos centrais, também chamadas de CBDC.
O plano engloba bancos centrais de países como França e Alemanha e instituições de atuação mundial, como HSBC, Standard Chartered e UBS. Nas conversas realizadas, se estudou como os CBDCs podem ser utilizados de maneira internacional e até mesmo convertidos em dinheiro fiduciário, caso fosse necessário.
Os testes iniciais duraram oito meses e devem seguir neste ano. A ideia central é conectar 14 bancos centrais e comerciais ao redor dessa rede principal. Com isso, o objetivo é que as instituições precisam de somente uma conexão global, trazendo muito mais facilidade, simplicidade e agilidade.
Afinal, se essas conexões fossem feitas com cada contraparte de modo individual, seriam milhares de conexões.
“Hoje, o ecossistema global da CBDC corre o risco de se fragmentar com vários bancos centrais desenvolvendo suas próprias moedas digitais com base em diferentes tecnologias, padrões e protocolos. Facilitar a interoperabilidade e a interligação entre diferentes CBDCs que estão sendo desenvolvidas em todo o mundo será fundamental se quisermos realizar plenamente seu potencial”, declarou Thomas Zschach, diretor de inovação da Swift, em matéria no site da empresa.
Chefe de inovação da Swift, Nick Kerigan corroborou a opinião do colega sobre a necessidade de promover essa integração. “Se não for abordada, essa fragmentação pode levar ao surgimento de ‘ilhas digitais’ em todo o mundo. Diferentes sistemas e diferentes CBDCs precisarão ser capazes de trabalhar juntos com eficiência, ou isso prejudicará a capacidade de empresas e consumidores de fazer pagamentos transfronteiriços sem atrito usando CBDCs.”
Qual a importância do Swift neste cenário?
O Swift se trata de uma abreviatura para Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication. No português, podemos traduzir para Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais. Na prática, o sistema permite a troca de informações bancárias e transferências financeiras entre os bancos.
Portanto, esse serviço é usado comumente para transferências entre instituições de dois países diferentes, ou até mais nações. Da mesma forma, o sistema pode ser usado por investidores que operam no exterior.
A sua rede já existente é usada por mais de 200 países, interligando mais de 11.500 bancos e fundos.
Como está a evolução da CBDC atualmente?
Segundo um estudo do Atlantic Council, as moedas digitais de bancos centrais já foram lançadas por 11 nações. Atualmente, no total, 114 países trabalham para formular e colocar em vigência a sua CBDC, incluindo o Brasil com o projeto do real digital. Esse grupo responde por 95% do PIB global.
Tais dados, atualizados em dezembro de 2022, constam do CBDC Tracker, um monitoramento de iniciativas e propostas de uso criado pelo Atlantic Council.
Dos países com as moedas digitais nacionais em vigor, estão Nigéria, Bahamas e Jamaica. A China tem um dos projetos mais avançados do mundo, com o iuan digital que pretende atingir 260 milhões de pessoas.
O levantamento revela ainda que, neste ano de 2023, mais de 20 países devem evoluir de forma significativa para testar a CBDC. Nesta lista, incluem-se Brasil, Austrália, Tailândia, Índia, Coreia do Sul e Rússia.
No nosso país, a expectativa é que os testes do real digital devem começar no segundo semestre de 2023, com o lançamento previsto para 2024.
O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, deve iniciar um projeto piloto também em 2023.