Rafael Bellas, Coordenador de Produtos da InvestSmart XP
Com a renda fixa oferecendo retornos atrativos, há uma natural migração de capital de investimentos mais voláteis, como os FIIs, para títulos públicos e privados. Essa dinâmica exerce pressão sobre as cotações dos fundos imobiliários, levando a um reajuste nas expectativas de rentabilidade e dividendos. O ambiente de juros altos também encarece o crédito e pode desacelerar a economia, impactando diretamente a capacidade de reajuste de aluguéis e a demanda por novos espaços, o que exige uma análise aprofundada por parte dos investidores e gestores.
Para os FIIs de Papel, que investem majoritariamente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), o cenário de Selic elevada pode, à primeira vista, parecer vantajoso, uma vez que muitos desses títulos são indexados a indicadores como CDI ou IPCA, que tendem a subir em um ambiente de juros altos. Isso pode resultar em distribuições de rendimentos mais robustas para os cotistas. No entanto, é crucial que os investidores redobrem a atenção ao risco de crédito dos emissores desses recebíveis. Em um contexto de economia mais apertada e custo de capital elevado, a capacidade de pagamento dos devedores subjacentes aos CRIs pode ser comprometida, elevando o risco de inadimplência e, consequentemente, impactando a saúde financeira dos fundos e a segurança dos dividendos. A diligência na análise da qualidade dos ativos e da solidez dos devedores torna-se um fator determinante.
Já os FIIs de Tijolo, que possuem imóveis físicos em seus portfólios (como shoppings, lajes corporativas, galpões logísticos e residenciais), enfrentam desafios distintos. A Selic alta eleva o custo de financiamento para aquisição e desenvolvimento de novos empreendimentos, o que pode frear a expansão dos portfólios e a valorização dos ativos. Além disso, a desaceleração econômica pode levar ao aumento da vacância e à dificuldade de reajustar aluguéis, impactando a receita operacional dos fundos. Nesse contexto, a questão do valuation dos ativos torna-se central. Investidores e analistas precisam avaliar cuidadosamente o valor justo dos imóveis que compõem o patrimônio dos fundos, considerando não apenas os rendimentos atuais, mas também as perspectivas de mercado, a localização, a qualidade construtiva e a capacidade de geração de valor a longo prazo. Um cenário de cotações de mercado abaixo do valor patrimonial pode, inclusive, sinalizar oportunidades para investidores com visão de longo prazo.
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