Como a região virou protagonista de uma transformação impulsionada por urgência econômica, inovação digital e soluções descentralizadas
Sebastian Serrano, CEO da Ripio
Por muito tempo, a América Latina foi tratada como usuária passiva do sistema financeiro global. Mas essa dinâmica está mudando de forma irreversível. Estamos no epicentro de uma transformação financeira sem precedentes, onde a infraestrutura cripto não é mais uma promessa, mas uma realidade em plena expansão. E o mundo, aos poucos, começa a entender o que isso significa. Pela primeira vez na história, inclusive, a capitalização das moedas digitais ultrapassa a marca dos US$ 4 trilhões – atualmente, o valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 4,02 trilhões.
A região é marcada por volatilidade econômica, instabilidade inflacionária e exclusão bancária. Para milhões, o sistema financeiro tradicional nunca foi acessível. Mais de 40% dos consumidores latinos estão sub bancarizados, o que nos torna o 2º maior mercado de desbancarização no mundo, atrás apenas do Oriente Médio e África. Não por acaso, a adoção dos criptoativos tem acelerado justamente onde os modelos antigos falharam. Neste cenário, as stablecoins – criptomoedas pareadas a moedas fiduciárias, como o dólar, projetadas para manter estabilidade de valor – e o Bitcoin surgem como resposta urgente às necessidades cotidianas de pessoas e empresas de diferentes segmentos de mercado.
A América Latina é hoje o segundo mercado cripto que mais cresce no mundo, com alta de 42,5% ano a ano, segundo a Chainalysis. Quatro países da região estão no Top 20 global da adoção: Brasil (#9), México (#13), Venezuela (#14) e Argentina (#15). E o que impulsiona esse avanço não é especulação, mas funcionalidade: preservar valor, receber pagamentos, enviar remessas e acessar mercados onde os bancos não chegam.
O sistema financeiro tradicional, lento, caro e burocrático, vem sendo gradualmente superado pela eficiência da tecnologia blockchain. Transações com criptomoedas têm muitas vantagens: são instantâneas, funcionam 24/7 e custam menos, especialmente em pagamentos internacionais e remessas. Essas características estão nos encaminhando para uma transição histórica: da infraestrutura bancária analógica, cara e excludente, para um novo modelo digital, distribuído e interoperável.
Na Venezuela e na Argentina, as criptomoedas se tornaram refúgio contra a hiperinflação. Um número cada vez maior de pessoas trocam moedas locais por USDT ou Bitcoin para preservar valor. De acordo com relatório da Chainalysis, entre julho de 2023 e junho de 2024, Argentina e Brasil receberam mais de US$ 90 bilhões em cripto cada, e as stablecoins já respondem por 60% do volume transacionado nesses mercados. No Brasil, mais de 12% da população já teve contato com criptoativos.
Esse comportamento regional se conecta a uma tendência global mais ampla. O Bitcoin, principal ativo desse ecossistema, voltou a romper máximas históricas e foi negociado por US$ 123.218. A valorização recente, impulsionada por fatores como o retorno do capital institucional, avanços regulatórios e novos pedidos de ETFs nos Estados Unidos, reforça seu papel como reserva de valor e símbolo da maturidade do mercado cripto. A força desse movimento global ecoa na América Latina, onde a adoção não é mais movida apenas por inovação, mas também por necessidade.
Essa consolidação global fortalece, ainda mais, o que já está em curso por aqui. O movimento de adoção em larga escala está acelerando a modernização da infraestrutura financeira em diversos países latino-americanos, que já testam, em escala real, soluções como tokenização de ativos, stablecoins locais e moedas digitais de banco central (como o Drex, no Brasil, atualmente em fase piloto e com testes públicos previstos para 2025).
Hoje, na Argentina, o volume negociado em cripto já supera o da bolsa de valores local. Esse movimento não nos surpreende, pois estamos ajudando a construí-lo. E é isso que diferencia quem participa de quem lidera.
Na Ripio, acompanhamos essa transformação de perto, e seguimos construindo a infraestrutura que sustenta a nova economia digital da região. Desde 2013, nossa missão é tornar essa transição possível, segura e acessível para pessoas e empresas. Nascemos em um tempo em que sequer era possível comprar Bitcoin por aqui. Hoje, com um alcance de mais de 20 milhões de usuários, a Ripio se consolidou como uma das maiores plataformas cripto da América Latina, incluindo soluções B2B para empresas que buscam acessar esse novo ecossistema. O que vivemos não é só mais uma tendência. É uma nova realidade operacional, que cresce independentemente do ciclo de mercado.
E por que a América Latina primeiro? Porque aqui existe urgência. Populações jovens, hiperconectadas e historicamente excluídas do sistema financeiro tradicional criaram o terreno perfeito para a adoção. Além disso, nossas economias instáveis nos colocam à frente (não apesar das crises, mas justamente por causa delas).
Em um cenário de desconfiança institucional, volatilidade e restrições monetárias, as soluções cripto prosperam porque são mais eficientes, acessíveis e ágeis. Mesmo com desafios regulatórios, países como Brasil e Argentina já sinalizam uma integração inteligente entre inovação cripto e marcos legais. Um passo necessário para consolidar a nova infraestrutura financeira.
Esse novo sistema financeiro não é mais uma promessa. É uma realidade econômica, social e tecnológica. A missão agora é garantir que essa nova infraestrutura avance com escala, segurança e propósito.
As redes blockchain já operam como infraestrutura alternativa e estão mudando a forma como o valor circula na América Latina. Nosso futuro financeiro será digital, acessível e cripto-native. O mundo começa a perceber o que estamos construindo. Mas aqui, essa transformação já faz parte da realidade.
Desde o início, na Ripio temos expandido o acesso à nova economia digital e criado soluções que moldam o futuro financeiro da região. Estamos prontos para os próximos anos, que serão decisivos para consolidar a América Latina como um hub global de inovação financeira. A nova infraestrutura já está em construção. E ela é cripto.
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