O Brasil vive um ponto de inflexão no sistema financeiro. Com a chegada do Drex, o real digital, estamos diante de uma transformação estrutural na forma como o dinheiro circula, como os contratos são firmados e como as transações são auditadas. É uma nova camada da economia digital, que permite ativos tokenizados, liquidez imediata e transações programáveis com rastreabilidade e segurança jamais vistas.
Nesse cenário, a autorização do Banco Central para operar com Drex não é apenas um requisito formal, mas sim um marco regulatório que separa os curiosos dos compromissados, e os projetos conceituais das operações sólidas. O BC vem tornando o processo de autorização cada vez mais rígido, e com razão. Em 2013, quando surgiram as primeiras normas para “Instituições de Pagamento Não Financeiras”, bastava atender a requisitos relativamente simples para obter sinal verde. Tanto que, na época, a própria Multicom.net conseguiu atuar sem necessidade de autorização formal para algumas operações.
Esse ambiente permissivo, no entanto, foi dando lugar a uma regulação cada vez mais sofisticada, exigente e técnica. O BC passou a observar o mercado, corrigir brechas e fechar portas para comportamentos oportunistas, como grandes grupos que fracionavam operações para evitar enquadramento regulatório. Fraudes também impulsionaram uma série de novas normas que hoje exigem padrões de segurança compatíveis com os maiores bancos do país.
Mais recentemente, o BC aumentou o capital social mínimo para integrar o arranjo do Pix, criou exigências rigorosas de conhecimento do cliente (KYC) e endureceu as penalidades para empresas que, direta ou indiretamente, facilitarem crimes como lavagem de dinheiro ou financiamento ao terrorismo. A regulação evoluiu e, com ela, o nível de exigência para entrar e permanecer no jogo.
Isso tem um efeito direto: ficou mais caro, mais técnico e mais complexo ser autorizado pelo Banco Central. Isso naturalmente favorece os bancos tradicionais, que já contam com estruturas robustas. Mas também abre uma oportunidade real para novos entrantes que estejam dispostos a investir seriamente em segurança, compliance e tecnologia. Poucos conseguirão fazer parte da “última milha”, ou seja, da camada diretamente conectada ao Drex e ao sistema financeiro nacional. Mas quem conseguir, estará bem posicionado para liderar a próxima era dos serviços financeiros.
A autorização do Banco Central também é uma porta de entrada para soluções práticas que afetam o dia a dia das pessoas. Imagine, por exemplo, um pai viajando com o filho fora do Brasil. Ele pode programar uma transferência automática de mesada em real digital, com conversão instantânea e regras inteligentes de uso, tudo isso com a segurança de uma instituição autorizada, auditada e supervisionada pelo Banco Central. Ou pense em um consumidor brasileiro que quer automatizar o pagamento de contas recorrentes com um smart contract que só libera o valor se o serviço for prestado corretamente. Tudo isso já é possível com criptomoedas, mas o Drex traz essa mesma flexibilidade com a confiança institucional de um sistema regulado.
O Drex vai além de ser apenas um novo meio de pagamento — ele se posiciona como um agente impulsionador de um modelo econômico mais transparente, dinâmico e automatizado. Para sua adoção, são indispensáveis preparo técnico, uma governança robusta e uma visão de futuro bem definida. Um exemplo das oportunidades que se abrem nesse contexto foi a recente reunião do BRICS, realizada no início de julho de 2025 no Rio de Janeiro. A China já vinha sinalizando a intenção de substituir o dólar americano pelo yuan digital na liquidação de contratos cambiais do comércio internacional. Para isso, está utilizando um sistema próprio de liquidação com tecnologia de transferências instantâneas, já em operação com países vizinhos. O Brasil, por sua vez, também dispõe de tecnologia de liquidação instantânea e tem o Pix internacional em seu roadmap. Durante o encontro, demonstrou interesse em participar desse ecossistema, o que gerou certo atrito no cenário das Américas e evidenciou uma disputa geoeconômica em curso.
Nos Estados Unidos, o avanço também é evidente, com o FEDNow — sistema que opera com tecnologia “instantânea”. Isso significa que instituições autorizadas pelo Banco Central, tanto no Brasil quanto globalmente, têm agora diante de si um caminho de oportunidades cada vez mais internacionalizado. Quem estiver preparado para esse novo cenário terá a chance de protagonizar a construção de um sistema financeiro mais seguro, acessível, globalizado e alinhado com a realidade digital do nosso tempo.
*José Tadeu Bijos é diretor-presidente da Multicom.net.net, uma empresa especializada em soluções digitais para serviços públicos, com foco em meios de pagamento, automação e inovação tecnológica. Com atuação em todo o Brasil, a companhia desenvolve plataformas que promovem mais eficiência, segurança e praticidade no atendimento ao cidadão. A Multicom.net.net tem como missão transformar a experiência do usuário por meio da tecnologia.
Isenção de responsabilidade: As opiniões, bem como todas as informações compartilhadas nesta análise de preços ou artigos mencionando projetos, são publicadas de boa fé. Os leitores deverão fazer sua própria pesquisa e diligência. Qualquer ação tomada pelo leitor é prejudicial para sua conta e risco. O Bitcoin Block não será responsável por qualquer perda ou dano direto ou indireto.

Consultoria Especializada Internacional em Blockchain, Tokenização, Portfólio e muito mais. Oferecemos recursos detalhados, desde o passo a passo de carteiras até orientações sobre como montar um portfólio sólido.
Junte-se a uma comunidade de investidores dedicados e leve sua jornada de investimento ao próximo nível conosco.