*Por Yan Pedro (@heyinvestidor)
Daniel Fraga é um dos homens mais procurados do Brasil, sendo considerado uma das maiores ameaças do nosso país. Com apenas uma câmera e um canal no YouTube, ele conseguiu incomodar muita gente GRANDE e expor, de fato, o que acontece por baixo dos panos do sistema.
Mesmo sendo considerado um dos homens mais perigosos do Brasil, Daniel Fraga também é considerado um herói por muitos, devido a sua coragem em expor suas ideias e opiniões, sendo um verdadeiro porta-voz dos oprimidos, deixando seu legado.
O mais interessante é que toda essa história começou lá em 2010, nas ruas de São Paulo, com um vídeo super simples de 43 segundos.
Daniel decidiu filmar um lote abandonado e publicar no YouTube. No vídeo, ele aparece muito indignado, não é à toa que na descrição ele havia colocado o endereço do local e uma lei estadual que mostrava o descaso do governo com aquilo que deveria ser cumprido, segundo a constituição. Claro que ele não parou por aí. Vendo que outras pessoas também passavam pelo mesmo problema, ele começou a gravar cada vez mais vídeos.
No começo, ele não aparecia, apenas mostrava as falhas do estado na sua cidade, com terrenos abandonados, lixo espalhado pelas ruas e calçadas esburacadas. Na época, todos os vídeos seguiam o mesmo objetivo: mostrar as falhas do estado na sua cidade e criticar o papel dos políticos.
Assim foi até abril de 2010, quando Daniel decidiu, pela primeira vez, atacar um político publicamente, e o escolhido era o prefeito de São Paulo na época, Gilberto Kassab. O título do vídeo era: “Kassab não fiscaliza televisão e mais madeira são descartadas como lixo”.
E não demorou muito até Daniel dar as caras e aparecer em frente à câmera pela primeira vez. E adivinha só quem ele criticou? Sim, ele criticou de novo o Kassab pela péssima administração em São Paulo.
Depois que mostrou o rosto, ele sabia muito bem que aquilo era um caminho sem volta e, mesmo sabendo disso, ele continuou, durante meses, expondo os problemas do Estado.
Mas o que, de fato, fez Daniel Fraga se destacar dentre tantos na internet foi a sua ideologia, propagando e ensinando o anarcocapitalismo para o público.
Conforme o tempo foi passando, seus vídeos, que antes apenas explanavam as falhas do estado, agora haviam se tornado uma revolta aberta contra o sistema.
Isso começou em agosto de 2012, quando Daniel publicou seu primeiro vídeo defendendo a visão de um mundo sem Estado. Nesse vídeo, ele explica como seria um mundo guiado pelo Princípio da “Não Agressão”.
A ideia era muito simples: nela, todos os indivíduos devem ser livres para fazerem o que quiserem, desde que suas ações não violem os direitos de terceiros através da violência ou ameaça.
Logo de cara, esse vídeo já deu super certo, motivando ele a postar outro duas semanas depois, que marcaria a história do seu canal e do movimento anarcocapitalista no Brasil, chamado “Anarcocapitalismo: O Futuro”. Neste vídeo, ele destaca o potencial do Anarcocapitalismo como uma filosofia política e econômica capaz de inovar a sociedade e melhorar a vida das pessoas.
Durante 49 minutos, ele argumenta que, em um mundo anarcocapitalista, a propriedade privada é respeitada e protegida, permitindo que todos acumulem riqueza e recursos sem medo de confisco por autoridades centralizadas.
Ele também afirma que a prosperidade poderia ser alcançada através de um mercado de trocas voluntárias e comércio livre, sem a presença do estado.
O vídeo tem argumentos e sugestões extremamente convincentes sobre como funcionaria cada aspecto da sociedade sem a intervenção de um governo, abordando temas como saúde, transporte, segurança e empregos.
Bitcoin
Era evidente que as ideias daquele vídeo eram promissoras e bem fundamentadas, só que ainda faltava uma peça chave para completar esse quebra-cabeça. Afinal de contas, como você vai driblar o estado, sendo que você ainda depende dele por conta do seu dinheiro, que é um item essencial da economia?
O que Fraga não imaginava é que, em 2009. essa peça chave do quebra-cabeça seria resolvida, com uma tecnologia que promovia a liberdade de uma economia, saindo do controle do estado.
E não demorou muito para Daniel ter contato com essa tecnologia, não é a toa que, em dezembro de 2012, ele aparece em frente às câmeras dizendo que encontrou uma solução que poderia acabar de vez com o controle do estado na economia: uma tecnologia chamada “bitcoin””, que, naquela época, não valia quase nada!
Só pra você ter uma noção, a cotação do Bitcoin no momento em que Daniel postou o vídeo era 27 reais.
Afinal de contas, como o Bitcoin conseguiu atrair tanto assim o Daniel Fraga? Por que essa tecnologia poderia acabar com o estado?
Para começar, é importante que você entenda que o Bitcoin foi criado em 2009, logo após a crise de 2008 nos Estados Unidos, sendo uma criptomoeda que foi criada pelo pseudônimo “Satoshi Nakamoto”, que até hoje ninguém sabe quem é. Se é uma pessoa, uma empresa ou um grupo. O que é muito melhor, visto que o seu risco de vida seria grande.
Vale a pena falar que o Bitcoin não foi a primeira criptomoeda a ter sido criada, antes dele tivemos várias outras no mercado, que acabaram não dando muito certo.
Só que o que diferenciou o Bitcoin das outras criptos do mercado e chamou a atenção de Daniel Fraga foi a descentralização, juntamente com uma tecnologia chamada Blockchain, sendo a primeira crypto que usou essa tecnologia.
Como o Bitcoin é descentralizado, ele não tem nenhum país, governo, empresa ou banco por trás, isso porque quem faz as redes somos EU e VOCÊ, ou seja, quem manda na rede somos nós.
Diferente das moedas convencionais que já conhecemos, como o próprio Real e Dólar, que são centralizadas nos respectivos países e governos que adotam medidas econômicas para administrar a moeda.
Já a Blockchain foi uma tecnologia revolucionária por parte do Bitcoin, sendo basicamente um livro onde as transações acontecem.
Quando Mateus compra algo de Pedro com R$10, o banco vai lá e registra que agora Mateus tem R$10 a menos na sua conta, enquanto Pedro tem essa quantia a mais.
Na nossa sociedade, o banco é uma entidade centralizada que garante a legitimidade dessa transação. Então, imagine a blockchain como o livro contábil dos bancos, a única diferença é que, ao invés de existir uma única entidade garantindo a legitimidade das transações, a blockchain faz isso de forma automática, com um sistema que permite com que qualquer pessoa no mundo seja um agente dessa fiscalização.
Sendo assim, não é mais necessário confiar em uma entidade que pode ter segundas intenções, porque, já que a blockchain é pública, ela não pode ser controlada por nenhuma outra pessoa!
Além disso, a Blockchain é totalmente criptografada de PONTA a PONTA, então, o nível de segurança da rede é muito grande.
O poder computacional que garante a segurança da rede está espalhado ao redor do mundo. As pessoas que cedem sua parcela de poder de processamento na rede são recompensadas com novos bitcoins que estão sendo minerados. Dessa forma, não existe incentivo para desonestidade e a corrupção, porque você ganha muito mais seguindo as regras do jogo do que tentando burlá-las.
Sendo assim, utilizando matemática, programação e uma criptografia de ponta, é possível eliminar a presença do estado numa transação financeira.
Quando Fraga estudou sobre tudo isso relacionado ao Bitcoin, ele sabia muito bem que aquela tecnologia era a peça que faltava para tirar o estado das transações e economia.
Naquela época, cada unidade do Bitcoin custava apenas R$27, enquanto, hoje, cada unidade do Bitcoin custa mais de R$210 mil, com uma valorização de quase 1.500% nos últimos 5 anos.
Nesse momento, Daniel Fraga já tinha tudo para propagar ainda mais o anarcocapitalismo. Tinha sua ideologia, tinha seus seguidores, e tinha seu próprio dinheiro que não poderia ser confiscado, graças ao Bitcoin.
O que ele não esperava é que, o que iria acontecer com ele em seguida, iria mudar completamente a sua vida.
O início do fim
No mesmo ano, em 2012, uma deputada chamada Cidinha Campos, do PDT, fez várias ofensas contra Ricardo Gama, um blogueiro que é bem conhecido por suas críticas e denúncias contra figuras políticas, muito semelhante às críticas de Fraga.
Naquela época, o Ricardo, que tinha acabado de sofrer um atentado quase fatal, também acabou enfrentando um processo de censura de seus vídeos no Youtube, após responder às críticas e expor muita coisa da deputada. E, claro, vendo um parceiro de trincheira sendo bombardeado pelo Estado, Daniel Fraga foi lá e decidiu apoiar o Ricardo, publicando dois vídeos sobre o caso, com muitas críticas e ofensas à deputada do PDT.
A deputada Cidinha Campos, logo de cara, não gostou, e já contra atacou Daniel. Primeiro, ameaçou ele expondo dados privados de sua mãe no Twitter. Segundo, ela processou Fraga por danos morais.
Se você acha que o Daniel parou por aí depois dessa treta com a Cidinha, você está totalmente enganado. Na mesma época, ele fez duras críticas contra Alexandre Blanco, candidato a prefeito em São José dos Campos pelo PSDB. Só que, dessa vez, o candidato conseguiu censurar alguns memes sobre ele no Facebook através de uma decisão judicial.
Fraga, então, fez um vídeo criticando não só o candidato, mas também o juiz que favoreceu Blanco com a remoção dos memes.
Essa história não ficou barata. O juiz moveu um processo contra Fraga por injúria e difamação, exigindo a remoção daquele vídeo. Fraga reagiu pedindo a seus inscritos que baixassem e compartilhassem o vídeo em seus canais, para garantir que ele não fosse silenciado.
O juiz, tentando intimidar Fraga, aplicou uma multa de 40 mil reais por dia pelo não cumprimento da ordem de remoção do vídeo. Só que, nessa altura do campeonato, já era tarde para o Estado. Fraga fez um vídeo alegando que o juiz não conseguiria nada dele, pois já havia investido todo o seu dinheiro em Bitcoin.
Nesse cenário, os esforços para remover os vídeos de Fraga da internet foram em vão, e o juiz acabou arquivando o processo.
Agora, lembra da Cidinha Campos? Pois é, ela ameaçou multá-lo em R$ 50 mil, caso não removesse um vídeo em que a criticava, no fim de 2014. Dessa vez, dois agentes da Polícia Civil chegaram a ir à sua casa para entregar uma intimação.
Depois de vários processos, ele recebeu mais um, só que de outro juiz. O que ele não esperava é que, dessa vez, a multa era de R$ 1 milhão, incluindo a intenção de prender Daniel.
A sentença classificava Fraga como uma ameaça à segurança nacional, algo que ele considerava absurdo e era uma prova da tentativa do Estado de controlar a liberdade de expressão na internet.
De todos os processos, esse foi o mais insano, porque foi por conta dele que o governo decidiu quebrar o sigilo bancário e invadir sua conta para pegar todo o seu dinheiro. O que eles não esperavam é que teriam uma grande surpresa: assim que invadiram a sua conta no banco, viram que ele tinha apenas R$ 5,26, valor que Fraga disse ter deixado de caridade, além de não terem encontrado nenhum bem em seu nome.
Ele continuou a desafiar o sistema, mantendo sua conta aberta com apenas o valor mínimo para que os juízes tivessem o trabalho de acessá-la. Depois desse processo, Fraga ainda fez mais alguns vídeos. Em 2017, ele postou seu último vídeo no YouTube, onde ele apenas filmava um ponto luminoso no céu.
Foi relatado que o passaporte de Fraga, seu título de eleitor e sua CNH foram suspensos, numa tentativa de restringir sua liberdade e movimentação.
Apesar das tentativas de coerção e perseguição, incluindo multas milionárias e ameaças de prisão, Fraga usou o bitcoin e a internet para se defender, fazendo com que juízes desistissem de processá-lo.
Ele expôs fraudes e mostrou como a tecnologia e a descentralização podem ser usadas para reivindicar liberdade. Embora soubesse que não poderia vencer a guerra sozinho, Daniel Fraga queria humilhar o estado o máximo possível antes de eventualmente desaparecer.
Apesar de parecer que perdeu a guerra, ele deixou um legado e, estima-se, acumulou um patrimônio de mais de $100 milhões em Bitcoin. Sua missão, ao que tudo indica, foi cumprida.
*Yan Pedro é empresário, fundador da empresa Hey Investidor e da OPI Escola de Investimentos
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