Na esteira do crescimento do mercado de finanças descentralizadas (DeFi) e de tokens não fungíveis (NFTs) em 2020, os jogos em blockchain vem se destacando no cenário do ecossistema cripto desde 2018, lançando as bases para uma profunda transformação na economia dos jogos eletrônicos.
Assim, a partir de 2021, ocorreu o chamado boom do “play to earn”, modelo de games que sucedeu as duas gerações antecessoras (“pay to play” e “free to play”), trazendo grandes inovações e uma mudança de paradigma significativa ao conceder aos jogadores a propriedade e os direitos sobre os ativos in-game, oferecendo a possibilidade de monetização do tempo de jogo a partir da dedicação, das habilidades, do conhecimento e das conquistas dos gamers.
O play to earn permite que os jogadores possam partilhar do valor gerado pelos ecossistemas dos quais fazem parte e que os investimentos e esforços aplicados pelos players no jogo sejam recompensados e remunerados com tokens e cripto ativos em um sistema de economia aberta, onde os ativos são propriedade dos jogadores e podem ser livremente negociados pelos interessados no mercado secundário (em transações P2P ou em exchanges e marketplaces diversos).
Portanto, nos jogos p2e é possível ganhar dinheiro e fazer renda extra de diversas formas, e não apenas (mas também) participando do cenário competitivo.
O segmento de jogos em blockchain movimentou mais de $100 bilhões de dólares ao longo do ano passado (enquanto a capitalização de mercado do Bitcoin ultrapassou $1 trilhão de dólares na alta do mercado, em novembro de 2021) e atualmente já conta com mais de mil títulos de jogos publicados, em diversas redes diferentes. Nesse sentido, jogos como Axie Infinity, The Sandbox e Decentraland se destacaram no setor.
No entanto, este é um mercado muito novo e ainda pouco consolidado, de modo que muito amadurecimento será necessário nos próximos anos. No momento, o ecossistema GameFi é composto mais de investidores que de jogadores o que, junto de sua interdependência em relação ao contexto macroeconômico, gera um cenário de muita volatilidade (o que, por outro lado, pode funcionar como um filtro para os bons projetos).
A evolução da tecnologia, da interface de uso e da experiência dos usuários, ou mesmo da economia dos projetos e da qualidade dos games também é outro ponto importante (com redução dos custos e melhorias na velocidade, segurança e escalabilidade).
Não apenas usuários, comunidades, organizações e empresas precisam se desenvolver, mas a economia digital como um todo, para que uma tal expansão de fato se concretize nos próximos anos.
E essa é exatamente a expectativa de gamers, analistas e entusiastas do setor. Diante desse cenário, apontamos sete tendências para o desenvolvimento do ecossistema GameFi em 2023:
- Plataformas
Plataformas que fornecem infra-estrutura e tecnologia para a implementação de novos jogos, podendo receber diversos lançamentos e títulos atrativos nos próximos anos (exemplos como Mavis Hub, Gala Games, Elixir App, Myria, Fractal, Wombat, Marblex e Oasys já vêm se destacando e podem ganhar força em 2023, assim como a plataforma de experiências web3 que a DUX está lançando neste ano).
- Jogos AAA
Jogos com alto nível de qualidade gráfica, interatividade, jogabilidade, enredo e orçamentos expressivos , responsáveis por atrair grandes públicos pela qualidade do entretenimento.
- Migração web2 para web3
Jogos tradicionais e sucessos de público que estão migrando para as novas tecnologias baseadas em blockchain e atraindo parte de sua audiência para este novo ambiente, fazendo uma ponte entre os jogadores da Web2 e da Web3.
- Figital
Tendências que misturam iniciativas no mundo físico e digital simultaneamente, como “move to earn” ou “treasury hunt”, que usam GPS para rastrear atividades, movimentação e localização do usuário no mundo real, traduzidas em tarefas, missões, possibilidades e recompensas encontradas dentro dos jogos.
- Comunidades
Novas comunidades e grupos de nicho que fazem onboarding em web3 a partir da inserção de segmentos relacionados a seus interesses e atividades na economia cripto e na tecnologia blockchain. Por exemplo, o move to earn atraiu parte da comunidade fitness e o GameFi atraiu sobretudo comunidades de investidores e entusiastas de cripto e ativos digitais, de modo que a maior parte dos gamers tradicionais ainda não ingressou neste universo. Assim, a cada nova comunidade, um novo “boom” de iniciantes e novos entrantes no setor deve acontecer, conforme avança a expansão da economia digital.
- Cenário competitivo (esports)
Desenvolvimento de um cenário competitivo capaz de aumentar o sucesso e a popularidade do projeto, bem como o engajamento da comunidade em torno do jogo, do reconhecimento e das premiações advindas de torneios e campeonatos diversos.
- Metaverso
Desenvolvimento de jogos e de ambientes virtuais ou mundos digitais imersivos, interconectados e personalizáveis, capazes de oferecer uma infinidade de possibilidades e de novas experiências aos usuários (do entretenimento ao e-commerce, passando por arte, educação, gamificação e novas oportunidades de negócio), provocando uma verdadeira digitalização da vida e das atividades cotidianas. Você é capaz de imaginar uma internet 3D?
Texto escrito Felipe Barros, Head de educação e pesquisa da DUX