Muito além da regulamentação, a tecnologia pode provar seus propósitos e ficar em evidência neste momento após o colapso da corretora FTX. O universo de criptomoedas passa por um período de turbulências e os especialistas chamam a atenção para a necessidade de regulamentação das movimentações desses investimentos no Brasil.
Para Vinícius Feroldi, co-founder e CBDO (Chief Business Development Officer) da M3 Group, essa crise vai muito além da regulamentação.
“A tecnologia das finanças descentralizadas passa a chamar muita atenção do público que investe em criptomoedas ou utiliza qualquer meio relacionado às blockchains. Na DeFi a segurança tende a ser muito maior pois há uma garantia, por códigos abertos, e tecnologia que permite mais transparência do que está sendo feito. Ou seja, isso permite que os investidores possam rastrear em tempo real o que está acontecendo”, afirma o especialista.
Segundo Feroldi, se a FTX não fosse custodiante dos fundos que estavam lá ou se tivesse um código aberto, onde é possível localizar todos os fundos que existem lá e todas as transações que estão sendo feitas seria muito mais seguro. “Isso mostra que tudo o que é centralizado e oculto tende a facilitar que essas coisas ruins aconteçam, por isso tanto trabalhar com operações on-chain quanto intensificar a regulamentação dessas empresas que custodiam fundos é de extrema importância”, explica.
Neste caso, todas as operações DeFi são automatizadas e não há como mudar os registros, pois são feitos em blockchains. Outra vantagem do DeFi são as carteiras feitas para guardar o dinheiro digital. Há vários tipos de carteiras assim: a física, Hard Wallet, que funciona como um pendrive conectado ao computador e exige uma assinatura para autorizar todas as transações, e a digital, Digital Wallet, por meio de softwares instalados no dispositivo, ambas permitem que o próprio usurário custodie seus fundos, entre outras.
“Os fundos dessas carteiras são gerenciados por seus donos, isso faz com que nenhuma outra instituição tenha acesso aos valores daquele determinado cliente e as plataformas de negociações não têm como usar esses valores para nenhuma outra transação sem autorização do mandatário. Isso dá ao investidor uma segurança maior. Ou seja, não é preciso confiar em uma ou outra instituição, apenas analisar o mercado e fazer as próprias escolhas. Você está custodiando seus próprios fundos, não tem ninguém fazendo isso por você”, aconselha Vinícius. “É importante lembrar da máxima que se fala muito no mundo: ’not your keys, not your money’, que significa que se não são as suas chaves privadas então o dinheiro não é seu”, finaliza com o alerta.