Em 2022 o mercado de criptomoedas foi impactado por três grandes eventos, um deles macroeconômico com os Bancos Centrais em todo o mundo aumentando a taxa de juros em busca de conter a inflação e com isso tirando o apetite dos investidores com os ativos de risco, como o Bitcoin (BTC) e as criptomoedas.
Outros dois fatos que agiram fortemente jogando o preço das criptomoedas para baixo foi a derrocada do ecossistema Terra (LUNA), hoje Terra Classic e, em novembro, a falência da FTX uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo. A derrocada da FTX varreu consigo cerca de 132 empresa que pertenciam ao grupo e deixou os investidores com cerca de US$ 8 bilhões em prejuízos.
No entanto, a queda da FTX não foi apenas a queda de uma empresa cripto, mas a falência de uma companhia com laços estreitos com a SEC (a CVM dos EUA) com políticos, personalidades e que armazenava ativos de outras grandes companhias do mundo cripto como a Genesis.
Após a falência da empresa foi revelado uma administração caótica realizada pelo seu fundador Sam Bankman-Fried. Linhas de crédito ‘escondidas’, contabilidade forjada, uso de ativos de clientes, compra de mansões nas Barramas, entre outros mazelas foram reveladas. Com o caso a crença no Bitcoin e nas instituições centralizadas foi abalada e o BTC recou mais de 20%, saindo de US$ 21 mil para US$ 15 mil.
A comunidade cripto levantou novamente a bandeira da auto-custódia e carteiras de armazenamento em hardware como a Ledger, assimcomo serviços decentralizados como MetaMas e StealthEX viram seus usuários crescerem exponencialmente.
“Chegando ao tópico do colapso do FTX, não vou contar toda a história novamente, mas sim resumir o que aprendemos com o que aconteceu. A FTX mais uma vez nos ensinou uma lição de confiança e segurança. Meu coração está com todas as pessoas que perderam seus fundos – isso é horrível e não deveria acontecer, então espero que minhas palavras sejam levadas a sério”, destacou Maria Carola, CEO da StealthEX.
Colapso do FTX ainda pode impactar o mercado de criptomoedas
Assim como outros analistas a CEO da StealthEX também acredita que o caso da FTX ainda pode impactar o mercado de criptoativos em 2023. Além do contágio em outras empresas como a Genesis que ainda não conseguiu um empréstimo para quitar a dívida com seus usuários, ela aponta que os serviços centralizados foram colocados em xeque abrindo um grande caminho para o DeFi e outras soluções descentralizadas.
“As exchanges centralizadas são terceiros que mantêm os fundos para seus usuários e têm controle total sobre eles. A criptomoeda foi criada com uma ideia totalmente diferente em mente – destacando a importância da descentralização, autocustódia e falta de confiança. Casos como o FTX nos lembram da importância desses pilares e serviços que trabalham com abordagem não custodial e livre de registro como núcleo”, disse.
Outro ponto levantado pela executiva e que deve impactar o mercado em 2023 é a regulamentação para os serviços centralizados, como exchanges. A tendência é que o tema avance ainda mais em 2023 e que grandes economias globais como EUA e União Européia aprofundem as regras para as exchanges centralizadas.
No Brasil uma lei para as criptomoedas já foi aprovada e nela, o Banco Central deve ser definido como o regulador do mercado. O BC por sua vez deve determinar que as exchanges centralizadas realizem a segregração de patrimônio dos usuários, além da exigência de regras mais duras de KYC e reporte obrigatório de transações suspeitas ao COAF.
No entanto, ela também aponta que o caso da FTX deve ajudar as empresas a construir um ecossistema mais sólido em 2023, como foco no usuário e em serviços mais transparencentes seguindo o principio da Web3 no qual os usuarios são os unicos donos de seus ativos.
“Isso é lógico, pois vemos o mercado de criptomoedas evoluir e se encher de novos projetos. Se manter os fundos seguros é o principal objetivo, não confiar seu armazenamento a uma empresa que os detenha integralmente deve ser uma prioridade. A meu ver, a mudança para serviços não custodiais será o foco de muitos usuários em 2023, e estamos aqui para ajudar!”, finaliza.