Visa líder mundial em pagamentos digitais, foi uma das nove finalistas encarregadas de explorar casos de usos inovadores baseados na tecnologia blockchain para o Real Digital (moeda digital emitida pelo banco central brasileiro ou CBDC) na mais recente LIFT Challenge. A empresa se uniu à Agrotoken, Microsoft e Sinqia para desenvolver sua ideia.
Após meses de uma colaboração em que trabalharam pesquisadores e engenheiros altamente gabaritados das quatro empresas, a Visa e sua equipe têm o prazer de compartilhar os resultados de sua participação na LIFT Challenge, uma plataforma financeira programável criada para pequenas e médias empresas (PMEs), especialmente agricultores, que aumenta o acesso a mercados de capitais globais, facilita a interoperabilidade entre as moedas, melhora processos operacionais e revela novas oportunidades de crescimento.
A pequena empresa e o impulso às economias globais
As PMEs agrícolas são essenciais para a economia brasileira e fundamentais na produção global de alimentos. Porém, geralmente ficam restritos à estrutura de mercado local, não conseguindo negociar contratos tão favoráveis. Por exemplo, um método de financiamento bastante conhecido é o factoring, usado pelo agricultor para vender seus recebíveis futuros com certo desconto e receber hoje os fundos de que precisa para comprar suprimentos e pagar mão de obra. Porém, ao usar esse processo, o agricultor costuma perder um percentual considerável dos recebíveis para a entidade que fornece o financiamento. Além do mais, as taxas de juros de empréstimos à PME chegaram a 21,7% em 2018 no Brasil.
Ao expandir o leque de opções de financiamento disponível para as PMEs financiarem seu negócio de forma segura e sem atrito, a plataforma protótipo da Visa busca melhorar as operações de movimentação de fundos existentes e reduzir as dificuldades causadas pela falta de acesso aos serviços tradicionais.
“A contribuição das pequenas empresas é fundamental para as economias locais, especialmente no Brasil, onde elas empregam mais da metade da população e geram quase um terço do PIB do país — na Visa, temos o compromisso de ajudá-las a crescer, explorando novas tecnologias que as habilitarão a manter e a expandir suas operações comerciais com mais facilidade”, diz Catherine Gu, chefe global de CBDC da Visa.
“O Brasil é um dos principais mercados mundiais de inovação”, complementa a executiva. “Estamos trazendo nossa experiência, escala, rede e tecnologias de ponta para contribuir para o avanço de aplicações práticas para moedas digitais, neste caso, possibilitando que um produtor de soja crie e leiloe, para o mundo todo, um contrato tokenizado em uma versão autorizada da blockchain Ethereum, usando diferentes formas interoperáveis de dinheiro.”
Como a Visa pode habilitar financiamento programável em CBDCs
Com muitos bancos centrais no mundo explorando o valor de uma moeda digital emitida por bancos centrais (CBDC), a Visa e a equipe envolvida no desafio demonstraram como as CBDCs podem viabilizar novos pagamentos internacionais de forma programática, bem como fornecer recursos de investimento internacional a PMEs. Os aspectos programáveis das moedas digitais que permitem que a entrega e o pagamento de ativos e moedas só sejam liquidados automaticamente se determinadas condições forem atendidas possibilitam um uso mais eficiente de capital, reduzem os riscos de contraparte e, em paralelo, alavancam a segurança, a estabilidade e a proteção de um passivo do banco central via CBDC, que é uma moeda de liquidação confiável.
A plataforma protótipo traz processos financeiros e ativos existentes onchain, permitindo que os agricultores tokenizem contratos tradicionais. Para conseguir isso, a Visa uniu a expertise em tokenização de commodities agrícolas da Agrotoken com as soluções existentes no Brasil e na América Latina para entregar um processo de tokenização que transforma os documentos jurídicos brasileiros existentes em um NFT negociável onchain.
“A Agrotoken tem a missão de democratizar o agronegócio tornando as transações com soja e milho mais acessíveis. Para isso, escolhemos parceiros sólidos, como a Visa, para caminharem conosco rumo a esse objetivo. Os mais de 80 milhões de estabelecimentos afiliados à Visa em todo mundo já podem aceitar ‘agrotokens’ como moeda de pagamento”, diz Anderson Nacaxe, diretor da Agrotoken no Brasil.
Valendo-se da tokenização, a Visa desenvolveu um novo mecanismo de leilão de oferta selada onchain via contratos inteligentes que permite que um pool global de investidores na blockchain participe do processo de financiamento, alcançando uma descoberta de preços competitivos. Além disso, a plataforma utiliza uma tecnologia Visa chamada Canal de Pagamentos Universal (UPC, na sigla em inglês), que pode fazer a conexão entre o futuro Real Digital (CBDC) e outras CBDCs, stablecoins ou depósitos tokenizados para garantir a interoperabilidade entre moedas digitais em diferentes mercados e redes.
A solução também garante a segurança do usuário ao validar as transações utilizando framework de mascaramento de dados e Data Mesh, da Microsoft. O processo de KYC (Know Your Customer) realiza a checagem da identidade de um usuário com base em informações verificadas em bancos de dados credenciados, incluindo fontes de segurança pública nacional como a Polícia Federal do Brasil, e internacionais, como o FBI. Como segunda etapa, há a detecção de autenticidade, checagem do rosto do usuário por meio de informações capturadas por meio de reconhecimento óptico, e criação de score do indivíduo, desenvolvido pela Microsoft e Sinqia. Além disso, o mecanismo KYT (Know Your Transaction), também desenvolvido pela Microsoft, usa técnicas de Machine Learning, grafos e estatística para analisar as transações de ativos digitais, podendo bloqueá-las caso identifique indícios de fraude ou atividades suspeitas de lavagem de dinheiro.
“No futuro, a solução permitirá a criação de um comércio multilateral ou multi-hub e multi-moeda e terá um papel essencial na interoperabilidade entre moedas digitais e fiduciárias. Por meio dessa tecnologia, as empresas poderão facilitar suas transações com investidores e capitais estrangeiros, expandindo o uso da nova moeda digital do Brasil em conjunto com o PIX e gerando novos fluxos de transações financeiras dentro do país”, afirma João Paulo Aragão, especialista de inovação e indústria financeira da América Latina para a Microsoft.
A LIFT Challenge Real Digital buscava projetos inovadores de pesquisa tecnológica no setor financeiro para avaliar casos de uso para o Real Digital. A Visa desenvolveu sua Prova de Conceito como parte dos esforços contínuos da empresa de trabalhar com parceiros do setor, liderando trabalhos exploratórios e aplicando tecnologias emergentes para resolver problemas mundiais conhecidos, de forma criativa.
“Projetos como este reforçam nosso compromisso de impulsionar a inovação e torna-la um benefício tangível para mais pessoas, em mais lugares”, diz Vanesa Meyer, head de Inovação e Design da Visa para as Américas. “Quando introduzimos novas tecnologias baseadas em blockchain, democratizando ainda mais o financiamento de capital, aumentando a concorrência no mercado e ampliando a inclusão financeira, conseguimos ajudar a pequena e média empresa a financiar suas operações comerciais de forma mais simples, acessível e segura.”