O Bitcoin é considerado o ouro digital, porque assim como o ouro físico, é escasso e existe uma quantidade limitada no mercado. Isso porque quando o último Bitcoin for minerado, não será possível criar novos, somente sendo possível comprar de uma pessoa que já tenha adquirido anteriormente.
Para Denise Cinelli, Country Manager na CryptoMarket, é por isso ele é considerado por muitos como um dos melhores investimentos de refúgio, porque além de ser descentralizado, e não depender de nenhum governo para circular, possui a vantagem de ser digital e muito mais prático para armazenar do que ter barras de ouro.
“Falando em criptomoedas em geral, temos as stablecoins, que a maioria está atrelada ao preço do dólar e seguem o mesmo princípio: é muito mais fácil guardar dólar digital em uma wallet do que notas em um cofre ou embaixo do colchão.” Destaca ela.
Denise ainda fala sobre outro ponto importante, que é a hora de liquidar esses dólares, o que é muito mais prático no formato digital, dentro de uma plataforma de negociação, que já possui compradores com ordem de mercado de compra aberta e uma tarifa de menos de 1%, do que levar notas em uma casa de câmbio ou trocar no banco, pagando impostos e comissões altíssimas.
Case argentino
O preço do Bitcoin na Argentina superou os 6,61 milhões de pesos e bateu alta histórica segundo cotação oficial do governo, mas o valor pode ser ainda maior graças a distorções de preço criadas pelo Estado.
Isso porque, com a pior inflação em 30 anos, a Argentina enfrenta enormes dificuldades financeiras. A inflação no país superou os 100% no acumulado de 12 meses. Em comparação,no Brasil, o mesmo índice ficou em 4,65%.
“Isso significa que o preço de muitos bens mais que dobraram em pouquíssimo tempo e a moeda do país derreteu. Um dos bens que mais cresceu foi o Bitcoin.” Comenta Denise.
Bitcoin na Argentina tem dados distorcidos
A criptomoeda subiu 50% em um ano perante o ARS de acordo com a cotação do governo, atingindo a alta histórica de preço. Contudo, o Bitcoin na Argentina está, na verdade, ainda mais caro.
Essa camuflagem ocorre porque o governo do país vizinho é tão intervencionista que criou uma cotação própria para o dólar, aliás, são 15 cotações diferentes dentre elas: o Dólar Coldplay, Dólar Soja e o Catar e vários outros. E isso modifica como os dados são mostrados em plataformas de conversão como as do Google e CMC, que fazem a conversão usando o dólar oficial do governo.
Na cotação de conversão usada pelo CMC é usada uma das cotações oficiais do dólar fornecidas pelo governo e só disponível para o Banco Central. A realidade é que o Bitcoin está ainda mais caro na Argentina, custando na corretora CryptoMarket quase 12 milhões de pesos. Isso significa que a alta histórica real, fora dos dados distorcidos do governo, aconteceu em 2021 e o Bitcoin ficou valorado a 14 milhões de ARS.
Ela ainda comenta que não irá demorar muito tempo para atingir a alta histórica do BTC na Argentina.
“Embora não estejamos em ATH em Ars no momento, dado que o par Btc/Ars está sendo negociado a $ 11.663,00, neste nível de inflação e o aumento da taxa de câmbio Ars/Usd que atualmente no preço azul é de $ 400 ars para cada dólar, podemos deduzir que o ATH de $ 14.200.000 será inevitavelmente ultrapassado, com a exceção lógica de que o Bitcoin caia em dólares para níveis abaixo de USD 20.000, que costumava ser em 2022.” Continua Denise.
Mesmo assim, o preço do Bitcoin real ainda deu retornos expressivos, tirando a inflação, mostram dados da corretora Cryptomarket. Em 2023, o retorno real do BTC foi de 72,62% em ARS.
Denise lembra que o bitcoin já valorizou 210.00% de 2015 para 2023, mesmo utilizando um dólar manipulado pelo governo na Argentina. A criptomoeda foi o melhor ativo da década de 10 e continua performando bem mesmo com a volatilidade alta nos preços.