Segundo a pesquisa Análise de Tamanho, Participação e Tendências do Mercado de Tokenização, realizada pela empresa de inteligência Grand View Research e divulgada em 2022, o segmento crescerá 24% anualmente e deve encerrar a década com faturamento de US$ 13,5 bilhões.
Para Daniel Eron Cavalcante, especialista em Blockchain na NAVA Technology for Business, um dos usos mais promissores da tokenização é na energia solar, o que envolve a conversão dos direitos de propriedade ou de recebíveis de um projeto em tokens digitais que podem ser comprados, vendidos ou negociados em plataformas de blockchain. A principal vantagem disso é que é possível democratizar o acesso aos recursos para que pequenos investidores participem de projetos de grande escala.
“As plataformas de blockchain facilitam o crowdfunding para tais projetos, envolvendo diretamente comunidades locais no financiamento e desenvolvimento de energia renovável. A natureza descentralizada da blockchain permite acesso global a oportunidades de investimento em energia solar, abrindo novas possibilidades para investidores em regiões com mercados financeiros menos desenvolvidos.” Afirma Daniel.
Para consumidores, a tokenização torna a energia solar mais acessível e disponível, especialmente em áreas remotas ou em desenvolvimento, além de possibilitar modelos inovadores de propriedade compartilhada de sistemas, promovendo a sustentabilidade e o empoderamento econômico dos proprietários de tokens, que podem criar uma fonte de renda passiva.
“A tokenização está revolucionando o acesso aos investimentos ao torná-los mais democráticos e líquidos. Antes, apenas investidores institucionais ou com grande capital podiam participar devido aos altos custos iniciais. Atualmente, a fragmentação do investimento permite que até mesmo investidores de menor porte tenham acesso a essas oportunidades, enquanto a possibilidade de negociação dos tokens em exchanges de criptomoedas oferece maior liquidez em comparação com os investimentos tradicionais em infraestrutura de energia.” Continua ele.
A tokenização proporciona flexibilidade e potencial de rendimentos atrativos. Os investidores podem ajustar facilmente sua exposição ao setor e participar da inovação financeira, estando na vanguarda de novas formas de financiamento e investimento que podem remodelar os mercados de capitais no futuro.
Há, porém, alguns desafios regulatórios. Daniel afirma que podemos citar as questões relacionadas ao licenciamento de projetos e complexidades legais em casos de disputas, especialmente se o empreendimento envolve várias jurisdições. No Brasil, isso pode ser mitigado com a regulação pelo Drex.
Licenciamento e permissões específicas são particularmente desafiadoras, dada a possível falta de familiaridade das autoridades com a tecnologia blockchain. Para superar esse problema, é essencial buscar orientação legal especializada, colaborar com reguladores e desenvolver um quadro regulatório claro que apoie a inovação e proteja os investidores e o público.
“Os riscos para investidores incluem a volatilidade do mercado de criptoativos, aspectos regulatórios (já que a regulamentação ainda está em desenvolvimento), tecnológicos (principalmente relacionado à segurança da blockchain) e a própria viabilidade técnica e financeira do projeto em si, que pode afetar a geração de receita e, consequentemente, o retorno sobre o investimento.” Destaca o especialista.
De toda forma, fica claro que a tokenização da energia solar pode ser um caminho interessante para aumentar a transparência, eficiência e acessibilidade do financiamento desses projetos. Com isso, espera-se maior integração com tecnologias emergentes, como a Internet das Coisas (IoT), para otimizar a produção e o consumo de energia.
“A descentralização financeira deve atrair número maior de investidores individuais, o que democratiza o acesso a investimentos em energia limpa. Além disso, a capacidade de rastrear a origem da energia renovável em tempo real poderá fortalecer o mercado de créditos de carbono e certificados de energia renovável, contribuindo para uma economia mais sustentável e com menores emissões de carbono.” Finaliza Daniel.
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