Marcio Castro aponta que, com operações financeiras mais ágeis e seguras, os bancos poderão ampliar possibilidades de serviços à população
O Pix é um fenômeno financeiro do Brasil, que contribuiu para democratizar e facilitar as operações de transferências de dinheiro. Em 2023, o Pix representou quase 40% das transações de pagamento no país, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) no relatório “Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil”. Depois de lançar o Open Banking/Open Finance, o Banco Central, agora, se prepara para mais uma inovação que também traz a promessa de democratizar o acesso dos brasileiros às operações financeiras. Com o DREX, o real digital (CBDC – Central Bank Digital Currency), o BC visa também reduzir custo de operações como investimentos, empréstimos, seguros, entre outras. A previsão é que a moeda seja lançada ao público no segundo semestre de 2025.
Há muitas dúvidas em torno do tema e, para responder o que muda na vida do brasileiro com a nova moeda digital, confira abaixo entrevista com Marcio Castro, CEO da RTM. A empresa é o principal hub integrador de tecnologia do mercado financeiro no país, oferecendo soluções de telecomunicações, TI e softwares como serviços na área de integração; fornecendo também estrutura de gerenciamento da Rede do Sistema Financeiro Nacional e plataforma para comunicação da indústria de fundos de investimento.
Qual a diferença do DREX para o Pix? O Pix vai acabar?
Importante esclarecer que o DREX e o Pix não são tecnologias que concorrem entre si. O Pix não vai acabar e continuará sendo uma ferramenta de pagamento no cotidiano das pessoas e instituições financeiras. Já o DREX vai além do simples pagamento eletrônico. Com o Real digital, será possível trazer para os brasileiros inovações como contratos inteligentes, tokens e pagamentos via IoT. Apesar de ainda não estar liberado ao público, a nova moeda digital já está em teste e, portanto, as instituições financeiras devem se preparar para esse momento. Além disso, os primeiros casos de uso do DREX em produção devem ser inicialmente no âmbito institucional, ou seja, operações entre empresas do mercado financeiro.
O lançamento do DREX estava previsto para o final de 2024. Por que houve essa mudança na disponibilização da moeda digital?
Um dos motivos que levaram ao adiamento do lançamento do DREX é a necessidade de melhorar os requisitos de segurança e privacidade da plataforma, conforme informado pelo próprio Banco Central. Garantir a integridade e a segurança das informações é um critério importante nas transações financeiras. Esse adiamento é uma decisão positiva, haja vista que é um esforço em garantir a integridade das operações e pode ser uma oportunidade para as entidades financeiras estudarem melhor o Real Digital e contribuir para uma transição mais transparente e eficaz.
Como o DREX poderá impactar nas relações comerciais e no consumidor final?
Um exemplo de como o DREX impactará positivamente a vida do usuário é a possibilidade do uso dos smart contracts, ou contratos inteligentes, os quais são programas que funcionam sob condições predefinidas, garantindo a segurança, transparência, imutabilidade e reduzindo a burocracia e os custos em processos como a compra e venda de imóveis, veículos e diversos serviços. Com o lançamento oficial do DREX, os contratos inteligentes poderão ser utilizados em serviços financeiros como empréstimos; seguros; compra e venda de imóveis e até gerenciamento de direitos autorais. A constituição de uma moeda soberana digital (CBDC DREX) deu vida a inúmeros casos de uso de projetos de tokenização que começam a sair do papel a partir da expectativa da entrada em produção do DREX em 2025, o que também tem acontecido em outros países.
Como o real digital vai impactar as operações das instituições financeiras?
Com o adiamento do lançamento oficial do DREX, as instituições financeiras devem se preparar para 2025, a fim de garantir uma transição suave e segura para o real digital e terem condições de disponibilizar ao usuário final todos os serviços em que o DREX poderá ser utilizado. Um dos pontos positivos da novidade é a redução de custos administrativos e melhor eficiência nas transações, em comparação com o sistema tradicional. Outro impacto importante nas instituições financeiras e bancos é que o DREX vai promover uma inovação por parte dessas instituições, elas precisarão se adequar à regulação do DREX, mas também poderão usar a tecnologia para obter vantagens competitivas. O RTM Sandbox Drex, ambiente de teste que simula o projeto-piloto do Real Digital, em parceria com a BBChain, é uma das oportunidades de se preparar para a moeda digital brasileira. A economia está se tokenizando e o DREX, sendo uma plataforma regulada, com todos os atores bem reconhecidos, trará mais segurança ao usuário. A RTM também pode acelerar e facilitar projetos de tokenização com sua oferta de Blockchain como Serviço e hospedagem de Contratos Inteligentes.
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