A nova era de protecionismo liderada pelos EUA sob Trump está reescrevendo as regras do jogo econômico global — e os criptoativos estão no centro dessa turbulência.
Desde o retorno de Donald Trump à presidência em janeiro de 2025, o mundo testemunha um renascimento agressivo do protecionismo comercial. As políticas tarifárias impostas pelos EUA reacenderam temores de uma guerra comercial em escala global — com consequências profundas para a macroeconomia e, especialmente, para os mercados de criptomoedas.
O “Dia da Libertação” e o choque tarifário sem precedentes
O estopim ocorreu em 2 de abril, quando os EUA anunciaram tarifas recíprocas que afetaram até 60 países, marcando o que Trump chamou de “Dia da Libertação”. Na prática, isso significou:
- Tarifa base de 10% para todas as importações.
- Taxas específicas de até 54% para países como a China.
- Retaliações imediatas de países como Canadá, China e, em breve, União Europeia.
Segundo a Binance Research, os impostos de importação dos EUA atingiram níveis históricos: a tarifa média agora gira entre 18% e 22%, patamar comparável ao do infame Smoot-Hawley Tariff Act de 1930, que contribuiu para agravar a Grande Depressão.
Criptoativos sentem o baque: liquidações e fuga para o ouro
A resposta do mercado foi imediata e brutal. A capitalização total do mercado cripto despencou 25,9% desde os picos de janeiro, eliminando mais de US$ 1 trilhão em valor.
- Bitcoin (BTC) caiu 19,1%.
- Ethereum (ETH) perdeu mais de 40%.
- Altcoins ligadas à IA e Memecoins derreteram mais de 50%.
- Em contraste, o ouro subiu 10,3%, quebrando sucessivos recordes históricos.
Com a aversão ao risco em alta, os investidores voltaram aos ativos tradicionais de proteção. Uma pesquisa do Bank of America mostrou que apenas 3% dos gestores de fundos consideram o Bitcoin como ativo preferido no cenário atual, contra 58% que preferem o ouro.
Figura simbólica: do otimismo à estagnação em três meses
As esperanças de um ano promissor para o mercado cripto foram frustradas por esse novo ambiente hostil. O desempenho do BTC, que era positivo em 2024, voltou ao território negativo no início de abril de 2025. Isso sugere que o mercado cripto, embora cada vez mais institucionalizado, ainda é extremamente sensível a choques macroeconômicos.
Volatilidade explode com anúncios tarifários
A cada novo anúncio, uma nova onda de volatilidade:
- BTC registrou uma de suas maiores quedas diárias desde 2020.
- A volatilidade mensal do ETH ultrapassou os 100%.
- A incerteza quanto aos próximos movimentos do governo dos EUA mantém os traders em alerta máximo.
Esse cenário reforça a tese de que o mercado de criptoativos ainda não é um porto seguro. Em vez disso, atua como ativo de risco sensível a ciclos econômicos globais.
Efeitos macro: inflação, estagflação e pressão sobre o Fed
Além dos reflexos diretos no mercado, a escalada tarifária também afeta:
Inflação e risco de estagflação
- Swaps de inflação de 1 ano já ultrapassaram 3%.
- Expectativas dos consumidores projetam inflação de até 5%.
- Economistas alertam para perdas de até US$ 1,4 trilhão na economia global.
- O PIB real per capita dos EUA pode cair 1% nos primeiros estágios da crise.
Com crescimento estagnado e preços em alta, a ameaça de estagflação — fenômeno temido por qualquer banco central — se torna real.
Federal Reserve entre a cruz e a espada
O Fed, que vinha sinalizando postura firme contra a inflação, agora se vê pressionado por uma economia em desaceleração. Os futuros de Fed Funds já indicam probabilidade crescente de cortes de juros — uma reviravolta nas expectativas que pode reacender o debate sobre estímulos monetários em tempos de protecionismo.
O que esperar daqui para frente?
Em um ambiente onde políticas protecionistas se intensificam e os fluxos de capitais migram para ativos de segurança, o mercado cripto enfrenta um de seus maiores testes de resiliência.
As perspectivas incluem:
- Alta volatilidade contínua até que a política tarifária se estabilize.
- Redução temporária na adoção institucional de criptoativos.
- Fuga para stablecoins e ativos lastreados em ouro como alternativas.
- Reposicionamento estratégico de mineradores e desenvolvedores de projetos Web3 para mercados menos expostos às tarifas.
Considerações finais
A escalada tarifária dos EUA em 2025 está redefinindo o cenário econômico global — e o mercado cripto é um dos primeiros a sentir os impactos. Embora o setor já tenha superado diversos ciclos de alta e baixa, esse novo ambiente traz desafios estruturais que podem alterar não só a dinâmica de preço, mas também a narrativa em torno da descentralização e soberania financeira.
A verdadeira questão agora é: o Bitcoin e os criptoativos conseguirão manter sua tese de proteção contra sistemas centralizados em um mundo que volta a erguer barreiras?
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