O mercado de criptomoedas inicia a semana em forte alta, impulsionado por uma sequência de acontecimentos geopolíticos e econômicos que renovaram o otimismo dos investidores. O Bitcoin voltou a operar acima dos US$ 100 mil e já se aproxima de seu topo histórico, enquanto altcoins como Ethereum, Solana e XRP acompanham o movimento com expressivas valorizações.
Dois acordos comerciais firmados pelos Estados Unidos são os principais motores dessa retomada. O primeiro, firmado com o Reino Unido na semana passada, já havia provocado reações positivas nos mercados. O segundo, anunciado ao longo do final de semana e com detalhes divulgados nesta segunda-feira, selou um novo entendimento entre Estados Unidos e China, apaziguando as tensões comerciais e abrindo espaço para recuperação dos mercados globais. O impacto foi imediato: as principais bolsas do mundo abriram em alta e os ativos de risco, incluindo criptomoedas, seguiram o mesmo caminho.
No cenário das altcoins, o destaque fica para o Ethereum, que subiu mais de 40% nos últimos sete dias, tornando-se a criptomoeda com a melhor performance entre os principais ativos do mercado. A queda na dominância do Bitcoin indica uma migração parcial de capital para altcoins, o que também impulsiona os preços desses ativos.
Outro ponto relevante para o sentimento dos investidores foi o anúncio de uma possível reunião entre Rússia e Ucrânia, agendada para quinta-feira na Turquia, com a expectativa de um novo acordo de paz, que, se firmado, poderia trazer ainda mais estabilidade aos mercados.
Na agenda macroeconômica desta semana, o foco está na inflação dos Estados Unidos. Na terça-feira pela manhã, será divulgado o CPI (Índice de Preços ao Consumidor), com dados de abril que já devem refletir os efeitos das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump. Dois dias depois, na quinta-feira, sairá o IPP (Índice de Preços ao Produtor), considerado por muitos analistas como o dado mais importante do mês, por medir diretamente o impacto das tarifas nas cadeias produtivas. Logo após a divulgação, às 9h40, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falará ao vivo, e qualquer comentário sobre inflação ou política monetária poderá gerar forte volatilidade.
Vale lembrar que, na última reunião do FOMC, o Fed reiterou que os cortes na taxa de juros não devem acontecer antes de setembro. Isso representa um adiamento em relação às expectativas de um mês atrás, quando o mercado acreditava que os cortes começariam já em junho. As projeções mais recentes também indicam que a inflação deve terminar o ano acima das estimativas anteriores, o que reforça a postura mais cautelosa do banco central e, consequentemente, a necessidade de cuidado por parte dos investidores.
No gráfico, o Bitcoin atinge sua principal zona de resistência: o topo histórico. As corretoras mostram um aumento expressivo nas ordens de venda, com investidores buscando realizar lucros acumulados em uma alta de mais de 40% no último mês. A formação de figuras técnicas como o fundo duplo já atingiu seu alvo, e isso aumenta a expectativa de uma correção no curto prazo.
Entre os principais suportes que o Bitcoin pode buscar, destacam-se as regiões de US$ 95 mil a US$ 97 mil, que coincidem com suportes de curto prazo; a região de US$ 93 mil, que representa fundos anteriores e níveis importantes de Fibonacci; e, num cenário mais extremo, os US$ 86 mil, considerados como o suporte mais robusto do atual ciclo de alta.
O sentimento do mercado, de acordo com o Fear and Greed Index, voltou para níveis de ganância. Isso, somado ao adiamento dos cortes na taxa de juros e à forte valorização dos ativos, sugere que o mercado pode estar entrando em uma fase de euforia, o que exige cautela adicional por parte dos investidores. Comprar Bitcoin acima dos US$ 100 mil sem uma estratégia bem definida pode representar um risco desnecessário, especialmente em um ambiente técnico que sugere sobrecompra e resistência importante.
Diante desse cenário, diferentes perfis de investidores devem adotar posturas específicas. Quem já está posicionado e com alto lucro acumulado deve considerar realizar lucros parciais e rebalancear a carteira, aproveitando os preços elevados. Quem ainda não comprou deve evitar entradas agressivas nesse momento e aguardar por uma correção mais consistente, que possa oferecer uma melhor relação risco-retorno. Para quem está parcialmente exposto, o ideal é manter posição e buscar entradas adicionais de forma escalonada, caso o mercado apresente recuos saudáveis nos suportes mencionados.
O cenário atual é promissor, com fundamentos positivos e indicadores técnicos sólidos. Contudo, o momento exige paciência, disciplina e estratégias bem definidas para aproveitar as oportunidades e evitar armadilhas em regiões de topo.
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