Marcelo Bolzan, planejador financeiro CFP e sócio da The Hill Capital
O mercado vinha bastante dividido quanto à manutenção ou à subida para 15%, e foi uma decisão que podemos dizer que já foi guardada. O mercado estava dividido, tinha argumentos aqui tanto para se manter quanto para subir. Eu que entendi a subida foi um tom bastante positivo. Eles já deixam aqui uma orientação, ou seja, uma sinalização dos passos próximos de uma interrupção do processo de elevação de juros. Se tudo continuar como está, eles vão parar de subir juros e fazer uma pausa. Eles não falam aqui de um encerramento de ciclo, mas entendem que de fato é isso sim.
Minha expectativa aqui é que depois dessa subida de 15%, que a Selic continue nesse patamar até o final do ano, mesmo o Banco Central deixando em aberto. Acredito que é um fechamento realmente com chave de ouro. Os diretores do Banco Central já poderiam ter parado de subir juros até porque o mercado estava dividido, e eles optaram por fazer esse novo aumento. Então, sem dúvidas, vejo um Tom Hawkish.
A decisão mostra que eles estão sim comprometidos em fazer essa inflação convergir e acreditam que teremos uma leitura bastante positiva para os mercados no que diz respeito às curvas de juros. As pessoas devem ter uma queda dos juros futuros na sexta-feira porque eles foram mais duros, mais hawkish neste momento atual.
Reforço aqui que, apesar de eles terem sinalizado uma interrupção do ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados da perda de juros que já foi feita, para mim está bem claro que é um fim de ciclo e realmente continua em 15% até o final desse ano.
Não mais, o comunicado continua trazendo aqui os balanços de risco tanto para alta quanto para queda aqui da inflação, então não teve nenhuma mudança em relação ao comunicado anterior. Ele comenta aqui em relação aos riscos do ambiente externo, mas dá um peso menor para o cenário internacional se comparado aqui com o último comunicado.
Para concluir, acredito que foi bastante positivo esse último aumento. Ele deixou em aberto, acho que ele não poderia falar que encerraria o ciclo, porque pode ser que ele tenha que fazer mais aumentos de juros no futuro, mas eu acho que eles fecharam aqui com chave de ouro, de ter feito essa subida adicional aqui e interromperam o ciclo.
Na sexta-feira, a Bolsa pode ser que sofra um pouco porque toda vez que sobem os juros, isso acaba tendo impacto para a renda variável de uma forma geral. Mas como o mercado já vinha dividido, tinha uma probabilidade relativamente grande de isso acontecer, então acho que grande parte já está precificado.
Como ficam os investimentos?
Leonardo Araújo, especialista em investimentos e sócio da GT Capital
Com a Selic tendo uma alta pontual, os títulos públicos seguem oferecendo um retorno muito interessante. Quando a taxa básica está nesse patamar, o custo de oportunidade de investir em outras classes como ações ou fundos multimercado, aumenta bastante.
Isso não significa que devemos abandonar o restante da carteira, mas sim que faz sentido olhar com mais carinho para a renda fixa pública neste momento. Para quem é mais conservador ou quer evitar grandes oscilações, aumentar a exposição a esses papéis pode ser uma boa escolha. Ainda assim, manter a diversificação continua sendo importante.
É bom lembrar que o Boletim Focus já aponta que a Selic pode cair para algo em torno de 10,50% nos próximos dois anos. Ou seja, quem trabalha hoje um título prefixado a 14% ao ano está garantindo um belo prêmio em relação ao que o mercado projeta para frente.
Nesse contexto, títulos viculados a Selic fazem mais sentido para prazos curtos e médios, principalmente para quem quer liquidez e segurança. Nos Prefixados, o indicado é para médio e longo prazo e para quem deseja fixar a rentabilidade agora e levar até o vencimento. O IPCA+ também é mais adequado para o prazo médio e longo, além de funcionar como proteção contra a inflação.
Se uma ideia para garantir um rendimento mais previsível ao longo dos anos, o prefixado é uma ótima pedida. Já o Selic cumpre bem o papel de reserva ou parte da carteira mais tática, pois permite flexibilidade para aproveitar outras oportunidades que podem surgir.
Os títulos atrelados à inflação são fundamentais no Brasil, pois vivemos em um país com histórico inflacionário. Ter IPCA+ na carteira é uma forma de proteção ou poder de compra no longo prazo.
Sempre que o mercado começa a sinalizar o fim do ciclo de alta de juros, os prefixados ganham atratividade. Isso porque, ao trabalhar a taxa agora, é possível garantir um retorno elevado por vários anos mesmo que a Selic comece a cair nos próximos trimestres. Hoje, ainda vemos prefixados com taxas acima de 14% ao ano, o que é um patamar bastante atraente. Desde que o investidor esteja disposto a manter o título até o vencimento, faz muito sentido considerar essa alocação como parte da estratégia.
Lucas Ghilardi, sócio da The Hill Capital
Na questão da atratividade, não é segredo que os rendimentos praticados hoje nos pré-fixados e IPCA+ estão em patamares historicamente muito elevados, o que é ótimo para o investidor.
Hoje notamos que o spread de crédito (diferença do corporativo para o público) está muito amassado. Apesar disso, a autorização de IR nos ativos corporativos pode compensar o pouco prêmio pago em relação aos papéis do governo.
Em suma, com o risco recente de tributação nos ativos financeiros, achamos melhor continuar alocando em papéis de governo ou bancários neste momento. Acerca da renda variável, achamos que o momento ainda é muito delicado e não tão claro para uma tomada de decisão.
Considerando o cenário atual, entendemos que pré-fixados de curto prazo (2,3 anos) podem ser vencedores para os próximos anos. O Tesouro Selic sempre é uma boa escolha, pois protege o investidor de cenários incertos.
Mas na nossa visão, a melhor “aposta” é sempre em IPCA+ com duração média/longa (5,6,7 de duração), pois garante um ganho real de 7% acima da inflação no Brasil para um período estendido costuma superar o CDI com “folga” em muito pouco tempo.
Para o investidor conservador, você pode sempre mirar em ativos mais curtos, mas possivelmente não poderá garantir uma excelente rentabilidade por muito tempo. Isso sempre será lido quando a carteira estiver em conformidade com os ciclos de mercado.
Para o investidor mais moderado/arrojado, faz muito sentido entrar em papéis mais longos atualmente. O motivo é simples: o patamar de taxas é muito atraente. A possibilidade de garantir 7% acima da inflação, ou 14% aa nas préfixadas, parece ser uma oportunidade ímpar para perpetuação, proteção e multiplicação do patrimônio.
O fim do ciclo de alta possibilitará que os investidores “atravessem” as taxas em patamares próximos da SELIC atual, podendo surfar esses juros de 14/15% ao ano por mais tempo. Com a expectativa do mercado precificando uma Selic de 12,5% para o final de 2026, o momento é excelente para mirar em pré-fixados de 2/3/4 anos remunerando 14/15% aa
Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos
Com a Selic em um patamar histórico de 15%, os ativos pós?fixados atrelados ao CDI/Selic são os mais seguros e líquidos do mercado, ideais para reserva de emergência ou oportunidades, pois oferecem disponibilidade diária com rendimento robusto.
Já, títulos atrelados à inflação, embora as taxas tenham sido recuperadas, ainda oferecem proteção real contra a inflação, com a inflação resistente em 2025 e juros permanentes no teto, são bons para objetivos de médio e longo prazo.
Em relação aos títulos prefixados, o investidor deve tomar cuidado com a marcação do mercado que é mais volátil. Com uma janela de oportunidade entre juros futuros e expectativas de queda, estes títulos podem oferecer ganho se mantidos até o vencimento. Mas é prudente ter cautela, escolher prazos curtos-médios, evitando exposição prolongada a volatilidade.
Já falando de crédito privado, é importante continuar acompanhando o desdobramento do MP, que pode estabelecer o fim da autorização em alguns títulos, mas eles ainda são interessantes. Por enquanto, o investidor deve procurar instituições sólidas, ou seja, bons emissores, com impostos acima do CDI, considerados isentos de isenção e de liquidez.
Revisar semestralmente a carteira, especialmente após Copom e ficar de olho no cenário macro, reequilibrar caso inflação, Selic ou expectativas mudem, migrando entre Selic, prefixado e IPCA+ conforme cenário, e considerar imposto de renda e liquidez para evitar resgates antes do vencimento que expõem a perdas.
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