O mercado de criptomoedas atingiu um novo marco nesta segunda-feira (12), quando a capitalização total ultrapassou US$ 4,15 trilhões, segundo dados do CoinMarketCap, superando o recorde anterior registrado em julho. No entanto, o entusiasmo veio acompanhado de sinais de alerta para uma possível instabilidade no curto prazo.
Apesar do recuo para cerca de US$ 3,96 trilhões no momento da redação, o sentimento geral continua positivo, com expectativas de novas altas nos próximos dias. Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) lideraram o movimento, registrando fortes valorizações. O BTC chegou a US$ 122.321, próximo ao seu recorde de US$ 123.091, enquanto o ETH ultrapassou a marca de US$ 4.000 no fim de semana, alcançando US$ 4.351,7, aproximando-se do pico histórico de novembro de 2021.
Ethereum dispara com apoio institucional
O desempenho do Ethereum foi impulsionado por forte interesse institucional. Empresas listadas em bolsa, como a SharpLink, adicionaram grandes quantidades de ETH aos seus tesouros corporativos, buscando uma alternativa ao Bitcoin com maior potencial de geração de rendimento. Hoje, 64 corporações acumulam cerca de 3,49 milhões de ETH (avaliados em US$ 15,05 bilhões), o equivalente a 2,89% do fornecimento circulante da criptomoeda.
Mesmo com o protagonismo do ETH, o Bitcoin mantém destaque nos fluxos institucionais. A Strategy — maior detentora corporativa de BTC no mundo — adquiriu 21.021 BTC em julho, cerca de US$ 2,46 bilhões, enquanto outras grandes entidades adicionaram 26.700 BTC no período. No total, empresas públicas e privadas detêm aproximadamente 1,35 milhão de BTC, ou 6% do total existente.
O alerta por trás da euforia
Apesar do cenário otimista, Andrei Grachev, sócio-gerente da DWF Labs, alertou que a atual alta carece de bases estruturais sólidas. Segundo ele, há um movimento intenso de rotação de capital rápido, motivado por programas de recompensas, tokens com rendimento e ativos especulativos, mas sem comprometimento de longo prazo.
O especialista também observou que muitos desses incentivos estão diminuindo, com taxas de empréstimo em diversas plataformas caindo e yields de stablecoins despencando de mais de 60% para menos de 5% ao ano em alguns pools relevantes.
Políticas pró-cripto impulsionam confiança
Um dos fatores de sustentação do rally tem sido o posicionamento mais aberto do governo dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump assinou recentemente duas ordens executivas favoráveis ao setor, incluindo a possibilidade de incluir criptoativos em planos de aposentadoria 401(k) e a proibição do chamado “debanking” — prática de encerrar contas bancárias com base nas atividades do cliente, muito criticada pela indústria cripto.
Liquidez sob escrutínio
Grachev, no entanto, reforçou que volumes expressivos nem sempre refletem liquidez real. Ele monitora métricas como padrões de resgate de stablecoins, variação nas taxas de financiamento e ritmo de empréstimos on-chain. Segundo ele, em algumas altcoins, a liquidez disponível caiu mais de 40% durante picos de volatilidade nas últimas semanas, o que aumenta o risco de quedas abruptas diante de pressões de venda moderadas.
“A alta é impressionante, mas sem liquidez resiliente, qualquer movimento de correção pode ser rápido e profundo”, concluiu Grachev.
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