O halving do Bitcoin finalmente foi concluído, o quarto na história da maior e mais importante criptomoeda do mundo. Como minerador e observador da indústria, Eduardo Meyer, COO da FMI compartilha algumas reflexões sobre o momento.
Durante esta quarta época (como se chama o período entre os halvings), na qual a recompensa de mineração caiu de 6.25 BTC para os próximos 3,12 BTC, pode ser testemunhado o amadurecimento da indústria, como a adoção do BTC por bancos e nações.
“Presenciamos a entrada de players institucionais, a mudança no perfil dos usuários e o aumento na aceitação geral das criptomoedas. Ou seja, vimos uma série de desenvolvimentos significativos, do lançamento do primeiro título emitido em Bitcoin por um país a nações admitindo publicamente atividades de mineração, como é o caso de El Salvador e o Reino do Butão, respectivamente.” Destaca Eduardo.
Para citar pontos específicos, o especialista elencou alguns highlights:
- China proíbe (de verdade) a mineração;
- Primeira máquina de mineração com 100TH (já quase obsoleta);
- Mineradores sendo listados em bolsa de valores;
- Empresas de energia abraçando a mineração, algumas até se tornando mineradores e abandonando o antigo core business;
- Mineração passando de “problema” a solução, principalmente na questão do metano ventilado;
- Mineração sendo utilizada como carga emergencial em grids elétricos.
Agora, nos momentos finais deste período, pode ser observado até mesmo a BlackRock, lançar um ETF de Bitcoin. Naturalmente ela não está sozinha e outros 14 outros ETFs de Bitcoin spot foram listados no mercado americano.
Como reflexo desse movimento, agora ETFs spots de BTC estão sendo listados em todo o mundo, inclusive em Hong Kong e Taiwan, aproximando novamente o mercado chinês da maior criptomoeda do globo. Além disso, estão acontecendo avanços notáveis, como a integração da mineração de Bitcoin à infraestrutura energética, como ocorre nos EUA, em estados como o Texas, assunto que merece maior observação dos órgãos reguladores dos sistemas energéticos em outras partes do planeta.
“Para além de discussões de preço, e se o BTC vai ou não chegar a US$ 100 mil, US$ 200 mil ou US$ 1 milhão, podemos esperar mais desenvolvimentos importantes, como maior compreensão como um ativo financeiro semelhante ao ouro e outros ativos tidos como “flight to safety”, por parte das instituições financeiras e dos atores de mercado.” Continua Eduardo.
A possibilidade de ser adotado como lastro, conforme previsto por figuras proeminentes já nos primeiros dias da criptomoeda, também é um ponto de atenção. Eduardo comentou que o aumento no uso de pequenas unidades de Bitcoin conhecidas como satoshis em transações diárias é outro aspecto que pode se popularizar, impulsionado por tecnologias como a Lightning Network e outras soluções de layer 2 (protocolos secundários sobre a blockchain do Bitcoin). A utilização de satoshis já é lugar comum para nômades digitais e pessoas que vivem entre diferentes fronteiras.
A facilidade de uso como meio de pagamento vem à reboque da adoção e popularização, com bancos favorecendo a conversão entre moeda fiduciária e Bitcoin. O entrave inicial da dificuldade de acesso por causa da tecnicidade com que o assunto BTC era tratado vai ficando de lado. Afinal, as carteiras de bitcoin (wallets) estão cada vez mais integradas aos onipresentes apps de bancos e cartões de débito e crédito via NFC.
O especialista ainda destaca que a avaliação crítica por parte dos governos sobre a aceitação ou proibição do Bitcoin, assim como as alegações de este ser um meio para lavagem de dinheiro e financiamento de atividades ilícitas, também vai perdendo força e dá lugar a visões mais positivas, ampliando o reconhecimento da criptomoeda como um ativo financeiro viável e positivo para a população.
“O progresso na regulamentação da mineração e sua integração aos sistemas de energia elétrica talvez sejam os pontos mais interessantes a serem observados. O exemplo do Texas deve servir de inspiração para outros grids elétricos que buscam robustez e redundância sem quebrar os cofres públicos, em meio a projetos de armazenamento de energia que são caríssimos e inviáveis na maioria dos países. Ponto importante será a nova lufada de vitalidade e viabilidade financeira que a mineração pode trazer para iniciativas de energia renovável, viabilizando ações que outrora seriam impraticáveis.” Continua ele.
Eduardo ainda lembra que muito mais importante e fundamental do que o preço, este novo período marca uma fase emocionante para o Bitcoin, em que o amadurecimento e a adoção generalizada estão em destaque. Ele acredita que à medida que nos preparamos para o halving, é evidente que estamos diante da transição para a idade adulta, incluindo todos os desafios e as oportunidades frente à transformação.
“O Bitcoin não é apenas um investimento, mas também uma ferramenta para proteger o valor do suor do trabalho da maioria contra a inflação e as políticas econômicas voláteis. Devemos, então, observar um reconhecimento ainda maior do BTC por suas qualidades, seus valores e, consequentemente, pelo preço. À beira desta nova época, é possível vislumbrar uma nova era.” Finaliza o especialista.
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