Com Donald Trump planejando um retorno à Casa Branca, suas políticas econômicas ousadas parecem destinadas a colidir com a abordagem cautelosa do Federal Reserve. Após um relatório de empregos sólido, o Fed decidiu manter as taxas de juros estáveis, descartando cortes imediatos, mesmo diante de pressões econômicas crescentes.
Federal Reserve em Modo Cautela, Trump em Modo Ação
A economia dos EUA, com uma taxa de desemprego impressionante de 4,1%, ainda enfrenta uma inflação acima da meta de 2% do Fed. O presidente do Fed, Jay Powell, sinalizou que cortes nas taxas de juros não estão no horizonte e, dependendo do comportamento da inflação, um aumento pode ser necessário. Isso contrasta fortemente com as políticas de Trump, que incluem cortes massivos de impostos, tarifas generalizadas e restrições migratórias, medidas que podem trazer instabilidade a uma economia já desafiada.
Economistas do JPMorgan compararam as políticas de Trump a “alquimia”, experimentos econômicos arriscados que podem desencadear inflação elevada, aumento da dívida nacional e choques em setores críticos como o de habitação.
Mercado Imobiliário Sob Pressão
As taxas de hipoteca voltaram a atingir 7%, impulsionadas pelo aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro e pelas expectativas do retorno de Trump. Recentemente, o rendimento do título de 10 anos subiu 10 pontos base, alcançando níveis não vistos desde o final de 2023.
Para quem deseja comprar uma casa, isso significa pagamentos mensais mais altos e menos acessibilidade. Além disso, o setor de construção enfrenta um desafio crescente: a escassez de trabalhadores. Imigrantes representam cerca de 25% da força de trabalho na construção civil nos EUA. Políticas migratórias mais rígidas ou deportações em massa podem agravar essa escassez, dificultando ainda mais os esforços de reconstrução, especialmente em estados como a Califórnia, que já lidam com crises habitacionais e danos causados por incêndios florestais.
Inflação, Dívida Nacional e o Cenário Econômico
As expectativas de inflação continuam subindo. Uma pesquisa recente da Universidade de Michigan revelou que as projeções de inflação de longo prazo alcançaram 3,3%, o maior índice desde 2008. As políticas de Trump, incluindo tarifas de até 60% sobre importações chinesas e cortes de impostos adicionais, podem aumentar ainda mais a inflação.
Quando os consumidores esperam preços mais altos, isso tende a criar um ciclo vicioso: os comerciantes ajustam preços para cima, enquanto os trabalhadores exigem salários maiores, alimentando a espiral inflacionária.
Enquanto isso, a dívida nacional atingiu um preocupante marco de US$ 36 trilhões. Embora democratas e republicanos compartilhem a responsabilidade, os novos cortes de impostos propostos por Trump podem agravar a situação fiscal, especialmente com custos de empréstimos cada vez mais altos devido às taxas de juros crescentes.
Fed em Alerta e Trump Imprevisível
O Federal Reserve observa cuidadosamente os impactos dessas políticas. O presidente Jay Powell e sua equipe têm hesitado em adotar medidas econômicas não convencionais, cientes dos riscos envolvidos.
Trump, que nunca escondeu sua insatisfação com o Fed, pode elevar o tom das críticas ou até desestabilizar os mercados com decisões inesperadas. Sua impaciência com o ritmo cauteloso do Fed já é conhecida, e o retorno ao poder pode reacender as tensões entre o ex-presidente e a instituição.
A combinação de políticas agressivas, tensões comerciais e desafios econômicos coloca os EUA em um momento delicado. A grande questão agora é: quem vai ceder primeiro?
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