Em meio à intensificação da competição tecnológica entre China e Estados Unidos, a startup Zhipu AI surge como um novo protagonista relevante no panorama global de inteligência artificial. Fundada em 2019 na Universidade de Tsinghua, a companhia tem se aproximado de países do Sul Global oferecendo uma alternativa ao modelo ocidental de IA , uma movimentação que despertou atenção da principal desenvolvedora do ChatGPT, que percebe uma disputa geopolítica silenciosa pela influência digital em mercados emergentes.
Em uma recente newsletter, essa líder do setor destacou que a startup vem apresentando “avanços notáveis” ao negociar com governos de nações como Indonésia, Malásia, Vietnã, Quênia e Arábia Saudita. A proposta contempla um pacote completo: modelo de linguagem em larga escala sob controle do país contratante, hardware fornecido pela Huawei e capacitação técnica, definido como uma “resposta chinesa ao ChatGPT”, com foco em responsabilidade, transparência e auditabilidade.
Para Bruno Nunes, especialista em tech e CEO da Base39,a disputa pela liderança em IA vale o esforço. “Segundo a McKinsey, a computação em nuvem tem potencial para gerar até US$ 3 trilhões adicionais em lucros para empresas globais, impulsionando um mercado bilionário. A busca pela inteligência artificial geral, capaz de operar com flexibilidade e eficiência semelhantes às humanas, amplia ainda mais essa perspectiva”, afirma.
A trajetória da startup reflete o ecossistema inovador chinês: com suporte estatal e investimentos internacionais — incluindo aportes da Arábia Saudita —, a empresa já lançou modelos de linguagem conversacional e desenvolve um assistente de voz com simulação emocional. Por estar incluída na lista de restrições comerciais dos EUA, toda sua infraestrutura tecnológica é baseada em componentes locais ou recentes, reforçando a autossuficiência.
Sem se manifestar sobre as declarações da concorrente americana, o negócio segue como um símbolo de uma nova etapa da inteligência artificial — mais descentralizada, politizada e estratégica. Com a meta do governo chinês de liderar globalmente o setor até 2030, a presença de companhias como a Zhipu em mercados estratégicos tende a intensificar ainda mais a corrida pelo protagonismo tecnológico mundial.
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