Introdução
Nos últimos dias, com o recente crash da FTX e o fim de seu provedor de liquidez, a Alameda, presenciou-se um grande movimento de preços no mercado.
Com isso, a FTX sendo segunda maior corretora centralizada de criptomoedas do mundo, sua súbita falência acarretou também na falência de outras empresas ligadas a ela, como a famosa financeira cripto BlockFi.
Recentemente, uma grande movimentação no mundo cripto por parte de grandes influenciadores que notou uma relevante perda de paridade entre o Bitcoin e o Wrapped Bitcoin.
O que é o Wrapped Bitcoin?
Assim, para termos uma explicação rápida, um Wrapped Bitcoin (ou wBTC), segundo um pequeno fragmento de explicação de The DeFiant, é análogo ao que o Tether (ou USDT) é para o dólar comum.
Tanto o Wrapped Bitcoin quanto Tether são ativos digitais que contornam uma determinada limitação de uma determinada moeda na qual é lastreada.
Perguntamos, então: qual o problema do Bitcoin que o Wrapped Bitcoin contorna?
Com o advento da rede Ethereum e de toda a diversidade presente na Web 3.0, diversos tokens surgiram, e todos dentro da rede Ethereum. O Bitcoin possui sua própria blockchain, a qual é diferente da Ethereum.
Todavia, tanto o Bitcoin quanto a rede Ethereum são fortíssimos no mercado e servem extremamente bem àquilo que se propõe.
Mas, e se pudessemos usar Bitcoin na rede Ethereum?
Para alguns isso serviu como uma ótima ideia, e para resolver essa demanda foi criado o Wrapped Bitcoin, que é um token no padrão ERC-20 (um token fungível que em geral serve como medida de preço para ser usado como moeda e troca) , presente na rede Ethereum, e que tem seu valor lastreado em Bitcoin.
A Polêmica
Tendo tudo isso em mente, recentemente notou-se um comportamento estranho de preços do wBTC. Isso para muitos indicou uma quebra da paridade de valor entre wBTC e o Bitcoin, o que tornaria não somente a noção de “usar o Bitcoin na rede Ethereum” algo falso mas que também acarretaria também problemas na conversão de wBTC em BTC ou no resgate de BTC para fora da rede Ethereum.
Este gráfico do CoinMarketCap nos mostra a variação de preços entre wBTC e BTC. Desde tempos próximos à falência da FTX, viu-se a paridade de valor entre o BTC e o wBTC variar em mais de 2% — uma variação muito alta para uma moeda lastreada em outra, o mesmo não acontece, por exemplo, entre Tether e Dólar — segundo a proporção de 0,9827 wBTC para 1 BTC.
Emissão de wBTCs
Essa variação de preço, segundo alguns, se deu pelo fato de um dos principais emissores de wBTC ser a Alameda.
Isso serviu de indicativo para muitos que, com a Alameda saindo do mercado, o Wrapped Bitcoin acabaria por resultar, tal como aconteceu com o incidente da Alameda e da FTX, num colapso ou, como chamam no meio cripto, PEG.
Get out of #WBTC NOW!!!
Turns out half of all #WBTC was minted by none other than… wait for it:
? Alameda Research
? They minted over 100k WBTC ?
This explains why the depeg of #WBTC vs #BTC began when #FTX imploded!
Major red flag below (pictured)! pic.twitter.com/K0GqFc1cY0
— Duo Nine ? YCC (@DU09BTC) November 25, 2022
Em meio a esse tweet viral, uma discussão se formou, uma discussão em torno de como o próprio Wrapped Bitcoin funciona.
?ESTUDO COMPLETO sobre o DEPEG de wBTC, limpando o FUD, e avaliando RISCOS associados.
— Castaneda (@castacrypto) November 25, 2022
Esta postagem, como pode se ver é de um brasileiro, comenta acerca do último tweet, e busca mostrar como o alarme a respeito da Alameda e suas emissões de wBTC não apresenta um risco de colapso do token e de perda de lastro no bitcoin.
Na sequências de tweets em questão, é colocada uma informação crucial acerca de como é feita a custódia dos wBTCs, e fornecida também uma evidência com dados de que a BitGo, a responsável por emitir o wBTC a partir de BTC possui a quantidade correspondente de Bitcoins para cada wBTC emitido.
#BTC #WBTC #FUD
?????????WBTC???????
????????????WBTC??????BitGo????????BTC???????????????????????????
????BitGo??????BTC????????????????????????????????????? pic.twitter.com/B4PRQC59ME— Crypto-????? (@cs_zhaozilong) November 26, 2022
No tweet em questão, segundo tradução livre do inglês, é dito:
Análise do problema de risco de perda de lastro do WBTC mencionada: Conclusão: Através da consulta on-chain, existem BTCs suficientes na carteira da BitGo, que é o custodiante correspondente ao WBTC, para lidar com o resgate, então por que que ainda há pânico havendo uma prova de ativos [Proof of Assets] tão clara?
A preocupação de todos é em relação a se o BTC sob custódia da BitGo foi custodiado com ou sem violação às regulações, desse modo simplesmente olhar para os dados on-chain não pode provar a conformidade legal.
A imagem no tweet em questão nos mostra a quantidade de BTC sendo custodiado e a quantidade de wBTC até hoje emitida, que pode ser encontrada aqui.
Com tudo isso, surge a questão acerca de quais são os tokens e moedas confiáveis aos investidores, bem como é ressaltada a necessidade de se buscar pelos fundamentos do projeto de cada ativo e pelo modo a partir do qual esse projeto atua no mercado em questões relacionadas a transparência, responsabilidade fiscal e demais coisas em um cenário de mercado abalado.
As diversas análises feitas ainda devem passar por um crivo: o da incerteza, a qual só é superada após passado o evento, é como dizem os economistas: a função do empreendedor (no nosso caso do investidor propriamente dito), é um processo constante de aprendizado a partir de um outro processo de tentativa e erro, de modo que em tempos difíceis a perspicácia na seleção feita pelo investidor é o que levará o mercado de fato à um cenário de recuperação
Escrito por: Vitor Gomes Calado