Em um recente tweet, foi anunciado que, devido a complicações legais, a LBRY Inc., responsável pelo protocolo LBRY e pela existência de portais descentralizados para hospedagem de conteúdo como a Odysee, informa que muito provavelmente a empresa não existirá mais em um futuro próximo.
Since any information given privately to the SEC ends up leaking, we'd like to be upfront about the fact that LBRY Inc. will likely be dead in the near future.
We expect the LBRY mission to continue on, but the company itself has been killed by legal and SEC debts.
— LBRY ? (@LBRYcom) November 29, 2022
No tweet em questão, está escrito:
Visto que qualquer informação dada de forma privada à SEC possa ser vazada, gostaríamos de nos antecipar acerca do fato de que a LBRY Inc. provavelmente estará morta em um futuro próximo.
Esperamos que a missão da LBRY continue, mas a companhia em si foi morta por dívidas legais e com a SEC.
Em um comentário adicional, é dito pela LBRY, como forma de esclarecimento, que
É especificamente a LBRY Inc. que vai morrer. O protocolo e a blockchain LBRY ainda continuarão.
O processo de investigação da SEC contra a LBRY Inc. ocorria desde cerca de 4 anos atrás,
We've been investigated by the SEC for 1,610 days
With appeals it will be another 1,000 days
What an absolute embarrassment!
Our love and support goes out to anyone who has ever had to deal with the American judicial system
— LBRY ? (@LBRYcom) August 20, 2022
O processo judicial da SEC contra a LBRY Inc. foi motivado por uma acusação de a empresa em questão estar comercializando títulos mobiliários de forma irregular. O grande alvo da polêmica é que o “título mobiliário” em questão é na verdade o token utilizado em suas plataformas, o LBC.
O documento correspondente ao processo judicial pode ser encontrado na própria Odysee.
A novela da relação entre os governos e as empresas cripto
A problemática entre SEC e a LBRY Inc. é mais um capítulo do imenso conflito entre os projetos de criptoativos e órgãos governamentais: enquanto muitos argumentam (e esse foi um dos pontos que os executivos da LBRY Inc. utilizaram contra a acusação da SEC) que os criptoativos, incluindo o token LBC, são uma nova classe de ativos que não se adequa às catalogações presentes nos mercados tradicionais. A maior parte dos governos em sua maioria, todavia, andam buscando classificar os criptoativos segundo leis anteriores ao surgimento deles.
Tais movimentações acabam por afastar investimentos voltados a criptoativos de países cuja legislação a respeito desses ativos não seja clara ou favorável e tende a redirecionar esses investimentos rumo a países que possuam uma legislação mais transparente e favorável às criptomoedas, como Suíça e Liechtenstein.
Isso tudo acaba por, naturalmente, impactar no mercado, de modo que surgem suspeitas sobre como as grandes empresas cripto que foram bem-sucedidas em meio a um ambiente de pesadas leis e encargos sobre elas? Teriam elas se utilizado de algum subterfúgio ou simplesmente tinham o dinheiro o suficiente para suportar os impostos e conseguiram suprir todos os requisitos exigidos pela lei desses países?
Recentemente, foi revelado que a FTX, uma das grandes empresas do mercado cripto ao redor do mundo inteiro, era um grande esquema fraudulento que possuía associações ilícitas com o governo estadunidense, seu colapso gerou imensa desconfiança no mercado e um período de maior queda de várias criptos e falência de várias empresas associadas, bem como relevou um imenso esquema de corrupção dentro do governo dos EUA.
O ocorrido com a LBRY torna necessária a reflexão acerca de qual deve ser a postura dos governos em relação ao mercado cripto, que é hoje uma força motriz para grandes inovações na tecnologia, fomentação da riqueza e da liberdade geral dos indivíduos.
Uma postura hostil perante as criptos por parte dos pode não somente coibir um mercado capaz de aumentar a riqueza geral da nação, mas também inibir avanço tecnológico e tirar oportunidades de diversas pessoas. A questão que surge: caso seja realmente esse o interesse dos agentes do Estado, eles conseguiriam suprir tudo o que se perde com isso?
Escrito por Vitor Gomes Calado