Não importa se estão no Bear ou Bull Market, o avanço tecnológico não para e continua a dar indícios de um salto evolutivo significativo. Essa é a percepção de profissionais que se dedicam a organizar hackathons, competições de tecnologia voltadas para blockchain. E este foi um ano marcado por um expressivo aumento no número de membros de comunidades dedicadas ao segmento blockchain que estão participando dessas competições, onde equipes se reúnem para desenvolver projetos inovadores em um curto período de tempo. Além disso, o número de empresas patrocinadoras também tem aumentado, resultando em uma maior quantidade de competições desse tipo.
A Taikai, plataforma utilizada no hackathon do Ethereum SP, destaca o crescente interesse e engajamento das empresas em hackathons.
“Não existe ainda um número absoluto, mas tivemos empresas que nunca haviam feito hackathons entrando nesse cenário. Players como a MSD (farmacêutica), Politecnico di Milano (educacional) e o Consulado Alemão na Moldávia, por exemplo, organizaram hackathons pela primeira vez”, explica Derick Nina, gerente de hackathons na TAIKAI.
A média de participantes em hackathons pode variar significativamente, com alguns eventos contando com cerca de 100 participantes, enquanto outros chegam a ter mais de 1.000. No entanto, segundo a Taikai, é seguro afirmar que houve um aumento de aproximadamente 20.000 novos usuários na sua plataforma desde janeiro de 2022, o que reflete o crescente interesse e participação das pessoas nesses eventos.
“Apenas neste ano, já foram realizados 28 hackathons na plataforma, e muitos outros estão programados para os próximos meses. Esses números demonstram o contínuo crescimento e popularidade dessas competições de tecnologia”, afirma Derick.
Segundo o gerente, empresas e projetos têm diferentes motivos para organizar hackathons. Alguns buscam solucionar problemas críticos, aproveitando a diversidade de pensamento e a criatividade dos participantes para encontrar soluções inovadoras. Outros desejam desenvolver ou implantar novas aplicações para suas tecnologias.
“Os hackathons proporcionam a oportunidade de obter rapidamente um MVP (Minimum Viable Product) de alta qualidade em poucos dias. Além disso, eles também podem fortalecer o espírito de equipe e aprimorar os processos internos das empresas”, destaca.
Jeff Beltrão, community manager da Chainlink Labs e também co-founder da Play4Change e ETHSamba, acredita que os hackathons são uma maneira incrível de reunir talentos, criatividade e paixão por tecnologia. Além disso, eles fornecem um ambiente propício para a colaboração e o desenvolvimento de projetos inovadores.
“Ao criar e patrocinar esses eventos, buscamos fomentar a comunidade e promover a adoção das tecnologias da Web3 no Brasil”, afirma Beltrão, que é um dos organizadores do ETHSamba e patrocinou pela Chainlink diversos outros hackathons.
Jeff complementa que, para o desenvolvimento pessoal, os hackathons são uma oportunidade de se conectar com outros entusiastas e profissionais, compartilhar conhecimentos e explorar novas ideias.
“Do ponto de vista dos patrocinadores, os hackathons são uma maneira estratégica de se envolver com a comunidade e promover suas soluções tecnológicas. Ao patrocinar esses eventos, eles têm a oportunidade de apresentar nossas soluções para um público altamente engajado e ávido por inovação. Além disso, ao oferecer prêmios e incentivos financeiros, incentivamos os participantes a explorarem as possibilidades da nossa tecnologia e a desenvolverem projetos que possam impulsionar ainda mais a adoção da Web3”, explica Beltrão.
O sucesso dos hackathons também pode ser evidenciado pelos projetos brasileiros que se destacaram em competições, como o da Trexx. A startup de blockchain games conquistou o primeiro lugar em uma competição de startups de tecnologia da Ripio, na Argentina, utilizando as blockchains La Chain e Avalanche. O projeto vencedor foi um marketplace de locação de itens de jogos em NFT multichain.
“Ficamos muito felizes e empolgados, essa conquista demonstra o grande potencial da Trexx e de sua equipe, consolidando nossa expertise no mercado de Web3 e nos posicionando como um dos principais players de jogos Web3 na América Latina”, afirma Helo Passos, CEO da Trexx.
Na sequência, a startup também ganhou um dos prêmios de “Top Quality” no hackathon da Chainlink, onde concorreu com 498 projetos. Entre os participantes dessa competição também estiveram outros projetos de times brasileiros, como Posterity, RAINsurance, AWS Chronicles e InflaLot.
De acordo com Vinicius Chagas, CTO da Trexx, o diferencial de participar de uma competição como essa é a dificuldade de desenvolver em pouco tempo.
“A competição é uma ótima oportunidade para evoluir o produto de forma rápida. Conseguimos fazer testes e coletar feedbacks de pessoas de diferentes projetos, o que agrega muito para nosso produto. Por outro lado, desenvolver um MVP em tão pouco tempo é algo desafiador, é necessário muita paciência, dedicação e resiliência. Por isso, cada competição é uma oportunidade para integrar e aprender sobre uma nova blockchain, bem como aprender sobre ferramentas inovadoras no mundo do desenvolvimento, que incorporamos no desenvolvimento de outros produtos”, reforça.
Para Sabrina Olivo, líder da área de Open Innovation da Trexx, os hackathons, agora, se tornarão uma porta de entrada para a captação de investimentos por meio de Grants web3, impulsionando assim nossa inovação tecnológica.
“Participei e venci seis hackathons nacionais e internacionais e estou determinada a transformar esses eventos em uma poderosa ferramenta para impulsionar nossos produtos baseados em blockchain, captando recursos provenientes da web3 que não afetam o equity da nossa empresa, como Hackathons e Grants”, afirma.
Matheus Franco, participante do projeto Posterity, que também ganhou prêmio no hackathon da Chainlink, explica que decidiu participar da competição com o objetivo de seguir na validação técnica do produto, criado a partir do projeto Posterity.
“De certa forma, também foi uma oportunidade para “medir” a ideia com termômetro do mercado, pois estávamos concorrendo com projetos muito bons”, finaliza.