O ciclo se repete a cada quatro anos, e é fortemente aguardado pela comunidade das criptomoedas, incluindo usuários, investidores, entusiastas e empresas. Esse é o tempo estimado para ocorrência do Halving do Bitcoin, um evento que reduz pela metade a emissão de bitcoins por bloco minerado, fazendo com que o ativo tenha uma redução programada em sua oferta. Atualmente, a
recompensa por bloco minerado é de 6.25 BTC e irá cair para 3.125 BTC entre 11 e 22 de Abril, dependendo da projeção.
O Halving de 2024 será o quarto da história do bitcoin – os anteriores ocorreram em 2012, 2016 e 2020. E cada um deles representou um momento diferente da adoção da maior e mais famosa das criptomoedas.
Em 2012 e 2016, por exemplo, o bitcoin ainda era algo bastante restrito aos entusiastas da tecnologia e do seu princípio, de permitir que “cada um seja seu próprio banco”. Em 2020, por sua vez, a criptomoeda já vivia um momento no qual instituições financeiras destinavam um olhar mais cuidadoso para o ativo, enxergando nele uma grande oportunidade de mercado, mas ainda estavam
céticas quanto à sua adoção em massa. Ao mesmo tempo, foi após o halving de 2020 que governos nacionais iniciaram debates sobre o ativo, seja no intuito de regulamentação ou mesmo de restrição.
Para Luiz Hadad, Consultor de Blockchain da Sherlock Communications, o evento deste ano tem tudo para ser especial em relação aos anteriores e ocorre em condições que devem favorecer o setor cripto.
“O Halving de 2024 ocorrerá em um contexto no qual o bitcoin possui uma maior adoção e receptividade junto ao meio econômico tradicional, sendo oferecido a uma gama maior de pessoas, por meio de instrumentos como ETFs e até mesmo diretamente por Bancos, como atualmente ocorre no Brasil, onde Nubank, BTG, Itaú e outros já ofertam criptoativos diretamente para seus clientes Regulações mais claras e amigáveis para criptomoedas são realidade no Brasil, El Salvador, Índia, Ucrânia, Inglaterra e Hong Kong”.
O especialista crê ainda que a combinação entre a recente aprovação do Bitcoin ETF nos EUA, maior centro de liquidez global, juntamente com a redução das taxas de juros pelo FED (o Banco Central dos Estados Unidos), e a redução da oferta de BTC após o halving deve ser sentida no preço. “O ETF americano está criando uma demanda entre 9.000 e 10.000 BTC por dia, e atualmente os mineradores produzem 900 BTCs, uma relação de demanda 10 vezes maior do que a oferta, o que explica a forte alta de 45% no mês de Fevereiro e a chegada ao ATH de $71.000, seguida de uma correção neste início de Março.
Hadad ainda acrescenta: “Quando chegarmos ao halving, caso a demanda permaneça entre nesse patamar, o que acredito ser muito provável, poderemos ter uma demanda 20 vezes maior do que a oferta, e isso terá um impacto direto no preço, repetindo a valorização do Bitcoin nos ciclos de 2016 e 2020”.
A redução programada da emissão de Bitcoins será também um dos destaques do relatório que a Sherlock Communications prepara anualmente sobre o ecossistema de Blockchain e Criptomoedas na América Latina, analisando o ecossistema local, as métricas de adoção e a regulação de cada um dos 21 países latino-americanos. O especialista afirma ainda que esse terreno mais fértil para o Bitcoin será importante para o desenvolvimento do ecossistema cripto na América Latina, dado que países com maiores índices de inflação tendem a ter uma adoção maior de criptomoedas.
“Existe uma relação clara entre a confiança de uma população nos governos e os índices de inflação. Quanto maiores os índices de inflação, menor é a confiança da população com relação a seus governantes, pois não existe previsibilidade quanto à política econômica. Nesse aspecto, nossa pesquisa mostra que existe uma relação entre inflação e a adoção de criptomoedas por necessidade na América Latina. Venezuela e Argentina são os maiores exemplos desse tipo de adoção no continente. Isso se dá devido à previsibilidade da política econômica do Bitcoin,
exemplificada pelo Halving a cada quatro anos e também pelo limite de emissão de 21 milhões de Bitcoins”.
Como funciona o Halving
A redução na emissão de novos bitcoins é algo já previsto no próprio código da criptomoeda como um mecanismo fundamental para controlar sua oferta e seu valor. Um paralelo comum é a comparação com a extração de ouro, também finita e com escassez cada vez maior.
O processo de mineração do bitcoin teve início em 2009, com o primeiro Halving em 28 de novembro de 2012, quando a emissão a cada bloco foi reduzida de 50 para 25 Bitcoins por bloco. No segundo, em 9 de julho de 2016, o corte foi de 25 para 12,5. Por fim, o terceiro ocorreu em 11 de maio de 2020, quando cada bloco válido confirmado passou a render 6,25 Bitcoins.
A partir do Halving deste ano, cada bloco válido confirmado na rede vai retornar 3,125 bitcoins aos mineradores, patamar que deve se manter pelo menos até o começo de 2028.
Pelo código do Bitcoin, os Halvings acontecerão até 2140, quando será cessada a geração de novos Bitcoins. Até o momento cerca de 90% do fornecimento total já foi extraído e apenas cerca de 1,95 milhão de Bitcoins adicionais serão criados.
Além da valorização
A cada Halving do Bitcoin há uma expectativa crescente em meio a comunidade cripto quanto a uma forte valorização do ativo, que acaba trazendo mais recursos para o ecossistema inteiro e proporciona momentos conhecidos como os “verões” cripto – ciclos de grande valorização e fluxo financeiro para projetos de blockchain.
Por outro lado, o evento também é considerado uma celebração da tecnologia que dá suporte à criptomoeda e ao seu ideal, de representar uma alternativa às moedas fiduciárias tradicionais, como dólar, euro e real.
Para Hadad, o limite de emissão de 21 milhões de Bitcoins e os halvings a cada quatro anos são elementos de uma política econômica que consegue ser extremamente simples e funcional. A facilidade de compreensão da mesma, junto a mecanismos de segurança e transparência que estão no código do Bitcoin, são as fundações para que exista confiança global em torno desse ativo.
Ainda segundo o especialista, entender o halving é uma das chaves para uma melhor compreensão e uso do Bitcoin. Lembrando que as outras criptomoedas possuem políticas econômicas distintas (conhecidas como tokenomics ou token economics), e que é importante procurar entender as mesmas antes de investir em projetos. Ao mesmo tempo, essa curiosidade e busca por conhecimento é um
dos principais antídotos contra golpes e outros tipos de fraudes que usam tais ativos como pretextos.
“Em um mercado de alta, como estamos vivenciando, é normal surgirem projetos de fraude ou scams. Sempre desconfie de retornos “garantidos” e excessivamente altos. Qualquer projeto de cripto possui riscos altos e volatilidade alta. Sempre pesquise sobre o projeto, o time que está trabalhando, e busque acompanhar as notícias. Desejamos a todos um excelente Halving, e que todos tenham bons retornos nos seus investimentos com crypto”, completa Hadad.
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