Por Cristiano Oliveira
O Plano Safra, programa do governo federal voltado ao crédito e incentivo ao agronegócio, enfrenta desafios para acompanhar o crescimento do setor. Embora os recursos tenham aumentado, a expansão do agronegócio superou o suporte estatal. Hoje, o crédito privado oferece alternativas que mostram que o setor agrícola já não depende exclusivamente do Plano Safra para se financiar, especialmente após a implementação das Leis do Agro 1 e 2, que facilitaram o acesso ao crédito privado.
Subsídios: Proteção ou Obstáculo?
Os subsídios do Plano Safra são geralmente justificados como apoio aos pequenos produtores e para equilibrar o custo elevado do crédito privado. No entanto, esse alto custo tem raízes em problemas estruturais do país. Fatores como insegurança jurídica, Recuperações Judiciais frequentes e a alta inadimplência elevam os riscos para os credores, o que aumenta os juros. Com isso, os bons pagadores acabam prejudicados pela inadimplência de outros. Sem avanços na segurança jurídica, o crédito continuará custoso, mesmo com subsídios.
A irresponsabilidade fiscal também é um agravante. O desequilíbrio das contas públicas gera inflação, aumentando as taxas de juros. Essas condições impactam diretamente o crédito e dificultam o desenvolvimento de setores produtivos, como o agronegócio. Em um cenário de juros elevados, políticas fiscais responsáveis e a estabilidade econômica poderiam, por outro lado, favorecer o setor, promovendo uma redução no custo de crédito.
Impacto dos Custos no Comportamento dos Produtores
As altas taxas de financiamento incentivam uma gestão mais eficiente e transparente. Ao adotar práticas de gestão financeira mais modernas e com o auxílio da tecnologia, produtores tornam-se mais competitivos. Assim, transparência e clareza nas informações financeiras elevam a confiança dos credores, permitindo um menor custo de crédito e maior competitividade no setor.
Por outro lado, os subsídios mascaram problemas estruturais e podem impedir o avanço. Ao reduzir a pressão pela inovação, eles mantêm produtores menos eficientes no mercado, criando distorções que alocam recursos de forma ineficiente. Nesse sentido, a dependência de subsídios pode inibir o progresso tecnológico e limitar o desenvolvimento agrícola. Produtores que operam sem subsídios, no entanto, tendem a buscar maior eficiência e inovação, fortalecendo o setor como um todo.
Um Ciclo de Competitividade e Sustentabilidade
Produtores que se adaptam ao crédito privado desempenham um papel ativo na busca por práticas de gestão mais robustas, tornando-se mais resilientes às variações do mercado. Esse perfil proativo promove um ciclo de competitividade e sustentabilidade, já que a melhoria contínua na gestão financeira aumenta a confiança dos credores e favorece o crescimento do setor.
Conclusão: O Futuro do Crédito no Agronegócio
Embora o crédito subsidiado possa ter seu valor em contextos específicos, ele não promove produtividade e competitividade de forma sustentável. A intervenção estatal, ao perpetuar ineficiências, limita o potencial de crescimento do agronegócio. A transição para um mercado de crédito mais livre e eficiente pode ser essencial para garantir que o agronegócio brasileiro continue crescendo de forma competitiva no cenário global.
Dessa forma, a redução gradual do Plano Safra e a busca por um mercado de crédito independente se tornam alternativas racionais para impulsionar o setor. A transição para uma agricultura menos dependente de intervenções políticas e econômicas é um passo importante para o crescimento contínuo do agronegócio brasileiro.
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