Após mais de um ano de combates intensos e milhares de mortos, Israel e Hamas anunciam acordo com incertezas sobre sua execução.
Um acordo para interromper a violência
Depois de 467 dias de guerra e cerca de 48 mil mortes na Faixa de Gaza, Israel e Hamas declararam, na quarta-feira (15), um cessar-fogo. O acordo, que marca a segunda tentativa de trégua desde o início do conflito em 2023, inclui a libertação de reféns e a retirada gradual das tropas israelenses da região.
Apesar da declaração, ataques aéreos israelenses ocorreram poucas horas antes do anúncio, sinalizando a desconfiança entre as partes quanto ao cumprimento integral do tratado.
Detalhes do acordo e seus desafios
O professor Marcelo Valle, especialista em Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB), destacou que o plano de cessar-fogo será implementado em três fases:
- Libertação de reféns.
- Reconstrução de infraestrutura na Faixa de Gaza.
- Negociações sobre o controle estratégico de áreas-chave, como o Corredor Filadélfia, entre Gaza e o Egito.
“O cessar-fogo é um passo necessário, mas as incertezas sobre sua execução ainda pairam. A confiança entre as partes está abalada, e questões críticas como o controle do Corredor Filadélfia podem dificultar as próximas etapas”, avalia Valle.
Implicações políticas internacionais
No cenário político global, o cessar-fogo também serve como um campo de disputa. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden tenta consolidar o acordo como parte de seu legado diplomático, enquanto Donald Trump, prestes a reassumir o poder, pode utilizá-lo como um trunfo político em sua administração.
Segundo Valle, pressões internacionais também desempenharam um papel importante no avanço das negociações. Israel enfrentou críticas intensas devido à destruição da infraestrutura em Gaza e violações das regulamentações da ONU, enquanto o Hamas viu sua capacidade militar severamente enfraquecida.
Esperança sob incertezas
Embora o acordo tenha potencial para encerrar o conflito, Valle alerta que o sucesso depende de ações concretas. Ele conclui: “A guerra tornou-se insustentável tanto do ponto de vista econômico quanto humanitário. Ainda assim, a execução das fases finais do tratado exigirá concessões delicadas de ambos os lados.”
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