Daniel Nogueira, Sales de Renda Variável da InvestSmart XP
A Embraer entra na reta final de julho sob os holofotes do mercado. A fabricante brasileira de aeronaves anunciou um backlog recorde de US$ 29,7 bilhões no segundo trimestre de 2025, o maior da história da companhia e um crescimento expressivo de 40% na comparação anual e 13% em relação ao trimestre anterior.
A alta foi puxada principalmente por pedidos no segmento de aviação comercial, com destaque para SkyWest e SAS (companhias aéreas dos EUA e Escandinávia respectivamente), além de um desempenho acima da média histórica na aviação executiva.
No entanto, o anúncio se mistura com preocupações geopolíticas: a possível imposição de uma tarifa de até 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, medida impulsionada pelo governo Trump, ainda paira como uma nuvem sobre as ações da empresa. Estima-se que cerca de metade da receita da Embraer tenha exposição direta ao mercado americano, o que tornaria a companhia uma das mais afetadas pela medida.
Os impactos de tarifas já existem desde abril e está em vigor uma tarifa de 10% que afetou as margens da divisão de aviação executiva no 2T25, e o mercado já projeta os estragos que a possível nova tarifa, em agosto, faria no balanço da empresa. Estamos falando de possíveis US$ 475 milhões de queda no no EBIT projetado para 2026, até -60% no lucro operacional estimado. A própria Embraer deve se pronunciar sobre os impactos em sua próxima divulgação de resultados, marcada para 5 de agosto.
Apesar disso, os fundamentos seguem robustos:
– A companhia entregou 61 aeronaves no 2T25, sendo 38 jatos executivos e 19 comerciais;
– O índice book-to-bill atingiu 1,8x, sugerindo visibilidade saudável de receita para os próximos trimestres;
– Houve 120 novos pedidos líquidos, sem nenhum cancelamento no trimestre — mesmo com o ambiente global mais tenso.
No mercado, a visão dos analistas segue amplamente positiva. Segundo dados da Bloomberg, 81% das recomendações atuais são de compra para as ADRs da Embraer (ERJ), com preço alvo médio de US$ 59,64, o que representa um potencial de valorização de mais de 22% em relação ao preço atual de US$ 48,85. Destacam-se diversas casas, que reforçaram suas recomendações de compra mesmo após o anúncio das tarifas, sinalizando confiança nos fundamentos de médio prazo da companhia. Instituições como JP Morgan, Goldman Sachs, Santander, Itaú BBA, Bradesco BBI e BTG Pactual mantêm recomendações “buy” ou “outperform” para o papel.
Do lado da dívida, a percepção de risco também se elevou. Os bonds da Embraer emitidos pela subsidiária na Holanda operam com spreads cerca de 5 desvios padrão acima da média do setor, evidenciando o desconforto de parte do mercado de crédito com o cenário tarifário.
Em resumo, a Embraer entra no segundo semestre com fundamentos operacionais sólidos, sustentados por demanda consistente em diversas divisões e expansão global. Contudo, o cenário político e comercial externo ainda exige atenção, acompanhar a forma como a companhia navegará pelos riscos impostos pelas tarifas, e as negociações entre EUA e Brasil.
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