O clima de tensão comercial entre Estados Unidos e União Europeia se intensificou nesta semana, após Alemanha e França passarem a liderar uma ofensiva para que o bloco prepare tarifas retaliatórias caso o governo Trump não recue de um novo pacote de tarifas até 1º de agosto. A informação foi revelada pelo Financial Times.
Segundo diplomatas, Berlim e Paris pressionam outros países-membros a apoiar uma postura mais dura, depois que conversas diretas com Washington estagnaram. Até poucos dias atrás, a Alemanha, principal economia da UE, pedia paciência e diálogo. Agora, a postura mudou: o governo de Friedrich Merz quer uma ameaça real na mesa, disseram fontes próximas às negociações.
Instrumento anti-coerção pode ser ativado pela primeira vez
No centro da discussão está o uso do Instrumento Anti-Coerção (ACI), uma ferramenta inédita que permite à Comissão Europeia retaliar governos estrangeiros que usem pressões econômicas contra o bloco. Se acionado, o ACI pode banir empresas americanas de contratos públicos europeus, suspender proteções de propriedade intelectual e restringir setores inteiros.
A ideia divide os 27 membros do bloco. Um diplomata classificou o instrumento como uma “arma nuclear”, e outro admitiu que existe “uma maioria silenciosa” contrária a medidas tão drásticas. Apesar disso, o tom endureceu depois que Trump enviou uma carta aos líderes europeus ameaçando tarifas de até 30% — antes, o teto discutido era de 20%.
“A carta de Trump mudou tudo. A Alemanha virou 180 graus em poucos dias”, disse um representante europeu. “Agora a maioria quer mostrar que a UE não vai recuar sem ter poder de barganha.”
Pacote de tarifas em duas etapas
Além do ACI, Bruxelas já tem um plano tradicional de tarifas pronto para entrar em vigor. Se não houver acordo até 1º de agosto, a UE deve anunciar tarifas sobre €21 bilhões em importações americanas — incluindo frango, jeans e produtos agrícolas — já no dia 6 de agosto.
Caso os EUA mantenham as tarifas adicionais, uma segunda etapa será votada no mesmo dia, atingindo mais €72 bilhões em bens, como aviões Boeing e bourbon, podendo ser lançada já no dia 7. Autoridades europeias dizem que o pacote está mapeado, mas ainda há esperança de evitar uma guerra comercial em espiral.
Em paralelo, a Comissão trabalha numa terceira lista para taxar serviços digitais, mirando diretamente gigantes de tecnologia dos EUA com impostos sobre publicidade online e serviços de nuvem.
Casa Branca mantém tom duro
Do lado americano, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reafirmou em entrevista à Fox News que o prazo de 1º de agosto é “um limite firme” e que qualquer tarifa europeia “vai voltar como um bumerangue em nível recíproco”. Para Bruxelas, o recado mostra que não há espaço para concessões.
Trump também rejeitou uma proposta europeia que manteria a tarifa atual de 10% sobre bens industriais. Washington quer elevar a alíquota mínima para 15% ou mais, além de manter tarifas de 25% sobre carros e autopeças e 50% sobre aço e alumínio — todas negadas pela UE.
Enquanto isso, o porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, reforçou nesta terça-feira que o foco imediato é negociar. “Até lá, nossa prioridade absoluta são as negociações”, disse. A questão é: Washington vai ceder antes que o cronômetro zere?
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