O investidor bilionário Ray Dalio voltou a lançar um alerta sobre a fragilidade estrutural do sistema financeiro global, afirmando que o mundo está chegando ao fim do chamado “grande ciclo da dívida”. Para ele, esse processo de décadas, marcado pelo acúmulo de dívidas e expansão monetária, está em um ponto crítico em que os bancos centrais não têm mais boas opções.
O dilema da dívida
Segundo Dalio, os bancos centrais enfrentam dois caminhos igualmente arriscados:
- Permitir a alta dos juros, tornando a dívida mais difícil de ser paga, o que pode levar a uma onda de calotes entre famílias, empresas e até governos.
- Aumentar a impressão de dinheiro via estímulos (quantitative easing), o que alivia temporariamente o peso da dívida, mas acelera a perda de confiança nas moedas fiduciárias, como o dólar.
Esse dilema, explica Dalio, cria um ciclo vicioso: imprimir mais dinheiro reduz a pressão no curto prazo, mas corrói o poder de compra e mina a credibilidade da moeda no longo prazo.
Criptoativos entram no radar
Tradicionalmente, ativos como o ouro foram vistos como refúgio em momentos de desvalorização do dinheiro. Porém, Dalio agora reconhece que as criptomoedas estão ganhando espaço nessa função.
“Ativos de oferta limitada atraem atenção quando a oferta de moeda fiduciária cresce”, destacou o bilionário. Na visão dele, o Bitcoin e outros criptoativos cumprem essa lógica porque possuem regras de emissão imutáveis no código, sem depender de decisões políticas.
Com a crescente percepção de que o dólar perde força como reserva de valor, a escassez digital das criptomoedas tende a se tornar mais atraente para investidores institucionais e individuais.
Um sistema em xeque
Dalio ressalta que os bancos centrais estão em uma posição delicada: precisam controlar a inflação sem estourar o mercado de crédito, mas o nível de endividamento atual torna quase impossível elevar juros sem dor econômica significativa. Esse impasse pode forçar novas rodadas de estímulos monetários, enfraquecendo ainda mais a confiança nas moedas fiduciárias.
Embora não preveja um colapso total do dólar, Dalio enfatiza que as bases do sistema estão sendo testadas e que ativos alternativos como cripto e ouro devem ganhar cada vez mais espaço na diversificação de carteiras globais.
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