Trio vencedor de desafio trabalhou por 36 horas, em Curitiba, em busca de solução climática e levou prêmio de R$ 20 mil
Uma plataforma desenvolvida por três jovens estudantes de São Paulo, usando inteligência artificial, permite mapear áreas de risco e estimar o impacto financeiro de um eventual desastre para os cofres públicos – um aspecto nem sempre lembrado no debate sobre eventos climáticos. O sistema apresenta comparativos que ajudam as prefeituras a compreender quanto podem economizar ao investir em ações preventivas. O time vencedor receberá R$ 20 mil e US$ 1,5 mil em créditos de API da OpenAI.
A solução, batizada de Clima Seguro, foi a grande proposta vencedora da etapa de Curitiba (PR) do hackathon do Devs de Impacto, encerrada neste domingo (2). O sistema utiliza modelagem matemática para estimar o risco de desastres climáticos em diferentes regiões do país. A ideia foi desenvolvida pelos estudantes Davi Jesus (19), Thiago Volcati (20) e David Nascimento (20), que participaram da maratona de 36 horas. Os três são estudantes do Instituto Tecnologia e Liderança (Inteli), em São Paulo. O desafio de 59 desenvolvedores era criar soluções de IA voltadas a problemas sociais, tendo o clima como tema central desta edição.
“Foi uma experiência sensacional, porque foi a primeira vez que eu viajei para participar de um hackathon, então eu cruzei ali barreiras e eu tive a chance de fazer isso com alguns dos meus melhores amigos e construir algo que realmente representasse o que a gente vê de potencial de soluções que tratam sobre o clima no Brasil”, disse Davi Jesus (19), integrante da equipe vencedora.
O Devs de Impacto é um movimento realizado pelo iMaster e ApplyBrasil, com apoio da OpenAI e produção da NewHack. O movimento está desenvolvendo diversos hackathons pelo Brasil, em que o formato é colaborativo: equipes de três a quatro participantes desenvolvem protótipos baseados em IA, com acompanhamento de mentores e especialistas.
Segundo Caio Coimbra, diretor executivo da ApplyBrasil, o evento alcançou seu objetivo ao aproximar os desenvolvedores de problemas reais e urgentes.
“Acho que a gente tinha uma expectativa que se cumpriu, que era colocar os desenvolvedores olhando para os problemas mais urgentes do nosso tempo. Não é possível a gente ter solução escalável se a gente não usa tecnologia, se a gente não pensa em como governos podem fazer essa adoção e como dados e inteligência artificial fazem parte disso.”
Para Rodrigo Terron, fundador da NewHack, a pluralidade de perfis técnicos entre os mentores tem sido um diferencial do projeto. “Um destaque legal é que nessa edição a gente tem uma rede de mentores muito complementar, multidisciplinar e muito técnica.”
O Devs de Impacto já passou por São Paulo e, agora, segue para João Pessoa (PB), nos dias 8 e 9 de novembro.
Alerta aos desenvolvedores
Durante o painel de abertura, o gerente de Projetos e Novos Negócios da EcoStage, Sergio Oliveira, chamou atenção para os riscos de uma regulação restritiva da inteligência artificial no país. O PL 2338/23, que tramita no Congresso Nacional, propõe criar regras para o desenvolvimento e uso da tecnologia.
A avaliação é que, se o debate não contar com a participação ativa de especialistas e desenvolvedores, há risco de o texto final desacelerar a inovação e aumentar a insegurança jurídica para quem pesquisa, desenvolve e aplica soluções tecnológicas — especialmente startups, equipes de produto e desenvolvedores independentes. Um projeto de lei mal calibrado pode limitar a liberdade de pesquisa e o acesso aberto à tecnologia, além de tornar inviável o desenvolvimento e uso de sistemas de IA de propósito geral, incluindo ferramentas educacionais, criativas e de produtividade. “Essa galera que está aqui, que está gerando soluções, que conhece o tema e que é uma galera jovem, quer gerar impacto. Acho que eles precisam saber o que está acontecendo, porque eles vão estar participando desse mercado num futuro próximo e eles vão sofrer os problemas”, ressaltou
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