O Rodolpho Damasco, sócio e head do Private Offshore da Nomos Investimento fez uma análise sobre Inflação ao consumidor.
No Brasil, a divulgação do IPCA de fevereiro será um ponto crítico para calibrar as expectativas em relação à inflação e à política monetária. Caso o índice venha acima das projeções, o Banco Central pode adotar uma postura mais cautelosa, reduzindo o espaço para cortes agressivos na taxa Selic nos próximos meses. Além disso, os dados da produção industrial e do varejo indicarão se a atividade econômica segue resiliente ou se há sinais de desaceleração que possam reforçar a necessidade de estímulos.
Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) serão determinantes para a trajetória dos juros pelo Federal Reserve. Se os números apontarem uma inflação persistente, o banco central americano poderá reforçar a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo, o que impactaria diretamente os mercados emergentes, incluindo o Brasil, ao manter a atratividade dos ativos denominados em dólar.
O cenário político também adiciona camadas de volatilidade. As recentes declarações do presidente Donald Trump, sinalizando um “período de transição” econômica devido às tarifas comerciais, sugerem um endurecimento da postura protecionista dos EUA. Esse movimento pode gerar impactos significativos no comércio global, elevando custos e criando instabilidade em mercados emergentes dependentes da exportação.
No México, a presidente Claudia Sheinbaum conseguiu evitar uma escalada tarifária por meio do diálogo com os EUA, o que é positivo para a estabilidade econômica do país e pode servir de referência para negociações comerciais futuras na América Latina. Já no Canadá, a ascensão de Mark Carney ao posto de primeiro-ministro traz um viés mais técnico e pragmático para a política econômica do país. Sua experiência nos bancos centrais do Canadá e do Reino Unido pode resultar em uma abordagem mais estratégica nas negociações comerciais, especialmente no enfrentamento às tarifas impostas pelos EUA.
Dado esse cenário, o Brasil deve enfrentar desafios consideráveis nas próximas semanas. Se os dados de inflação vierem pressionados, a curva de juros pode refletir um aumento da incerteza, afetando tanto a renda fixa quanto o mercado acionário. A política monetária americana segue como fator de risco, e qualquer sinal de atraso nos cortes de juros pelo Fed pode pressionar o real e ampliar a volatilidade do câmbio.
Adicionalmente, a tendência global de protecionismo e revisão de acordos comerciais pode afetar as exportações brasileiras, especialmente em setores dependentes de mercados como os EUA e a China. Empresas e investidores precisarão ajustar suas estratégias para um ambiente de maior imprevisibilidade, priorizando diversificação de mercados e proteção contra volatilidade cambial.
O mercado seguirá atento ao comportamento do Banco Central brasileiro, que pode adotar um discurso mais conservador caso os dados internos mostrem pressões inflacionárias persistentes. Enquanto isso, a evolução das negociações entre EUA, México e Canadá será um termômetro relevante para os impactos do protecionismo sobre as cadeias produtivas globais.
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