A semana começa com o Bitcoin recuperando terreno e voltando a operar acima dos US$106 mil, após ter perdido brevemente o suporte psicológico dos US$100 mil no final de semana. A queda foi motivada pela escalada no conflito entre Israel e Irã, que atingiu seu ápice com ataques a bases nucleares iranianas liderados pelos Estados Unidos.
O temor de uma guerra em escala ainda maior causou fortes correções em ativos de risco, incluindo criptomoedas. O impacto também foi sentido nos preços do petróleo, com a breve interrupção no Estreito de Hormuz — um canal estratégico por onde passa cerca de 20% da oferta mundial de petróleo, cujo qual o Irã possui controle. O fechamento temporário do estreito gerou um cenário de aversão ao risco, pressionando bolsas e criptoativos.
Contudo, a resposta do Irã foi menos agressiva do que o mercado esperava, com todos os mísseis lançados sendo abatidos e sem vítimas confirmadas. O próprio ex-presidente Donald Trump fez um apelo público pela paz, reforçando que o conflito precisa cessar antes que atinja proporções catastróficas. Esse apaziguamento momentâneo trouxe alívio imediato aos mercados, fazendo o BTC voltar a ganhar força.
No campo da macroeconomia, a atenção se volta novamente para o Federal Reserve. Após a reunião da FOMC da semana passada — em que Powell manteve o tom conservador ao falar sobre juros —, nesta segunda-feira, um dos diretores do Fed sinalizou que cortes na taxa básica podem acontecer já em julho. A fala ganhou peso, especialmente porque Powell discursará novamente nesta terça e quarta-feira durante o “Relatório Semestral de Política Monetária”. O mercado estará atento a qualquer mudança de tom. Além disso, o PIB americano será divulgado na quinta-feira enquanto o índice PCE, o principal indicador de inflação observado pelo Fed, será divulgado na sexta-feira, podendo dar mais pistas sobre os próximos passos da política monetária americana.
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin segue dentro de uma bandeira de alta no gráfico diário — padrão que já havíamos comentado em análises anteriores. Apesar de ter perdido brevemente os US$100 mil, o preço não chegou a fechar abaixo desse suporte no diário, o que reforça a ideia de que essa foi apenas uma captura de liquidez antes da retomada da tendência. Agora, com o preço consolidado acima dos US$106 mil, o olhar do mercado se volta novamente para a resistência próxima ao topo histórico. Caso rompido, o movimento pode gerar um “blue sky breakout” e abrir espaço para novas máximas ainda neste semestre.
No sentimento de mercado, vemos um recuo importante. O índice Fear and Greed, que há algumas semanas indicava ganância, agora voltou para níveis de medo após os choques geopolíticos recentes. Isso cria um cenário paradoxal: enquanto o medo afasta investidores inexperientes, ele tende a representar oportunidades para quem busca pontos de entrada.
Os dados on-chain mostram um aumento significativo na liquidez da ponta compradora nas exchanges — o que reforça o interesse de grandes players em acumular a preços mais baixos. A maior zona de liquidez segue próxima aos US$100 mil, e, caso o cenário global volte a se deteriorar, regiões entre US$95 mil e US$92 mil podem ser revisitadas e oferecem oportunidades de médio prazo.
Dado esse cenário, a principal estratégia agora é manter cautela e disciplina. Quem está posicionado, especialmente próximo ao suporte dos US$100 mil, pode seguir segurando. Mas novas entradas devem ser feitas de forma gradual, com gerenciamento de risco. Caso o BTC volte a recuar, os melhores pontos de entrada estão entre US$99k e US$100k no curto prazo, e entre US$95k e US$92k caso tenhamos uma correção mais forte. Por outro lado, se o mercado ganhar tração e romper os US$112k, o cenário de alta volta com força.
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