Por Guilherme Nazar, VP da Binance para a América Latina
Ao olharmos para 2026, vemos que o setor de ativos digitais está entrando em uma nova fase crucial. O setor é definido não apenas pelo crescimento, mas também por uma integração mais profunda ao sistema financeiro global e por uma dinâmica de mercado em amadurecimento.
O último ano revelou uma mudança fundamental no perfil dos detentores de Bitcoin, sinalizando uma transformação no cenário de mercado. Em dezembro de 2025, a quantidade de BTC mantida em exchanges caiu para o menor nível em cinco anos – 2,94 milhões de BTC – enquanto as participações de empresas de capital aberto e ETFs continuam a crescer, ultrapassando agora 2,5 milhões de BTC combinados. Essa migração da propriedade de varejo para a institucional é mais do que uma estatística. Ela marca um ponto de inflexão que pode potencialmente reduzir a volatilidade, moderar as oscilações especulativas de preços e suavizar a severidade e a duração de futuros mercados de baixa. Em outras palavras, podemos estar caminhando para ciclos de mercado menos pronunciados, refletindo uma classe de ativos mais estável e madura.
Essa mudança faz parte de uma transformação mais ampla pela qual estamos passando. Os ativos digitais estão evoluindo de instrumentos especulativos para ferramentas financeiras estratégicas. Hoje, mais de 200 empresas de capital aberto ao redor do mundo e no Brasil detêm Bitcoin em seus balanços, sinalizando uma crescente confiança nas criptomoedas como meio de diversificação e preservação de valor a longo prazo. Uma tendência semelhante é observada na Binance. Registramos um aumento de 14% no número de usuários institucionais e um aumento de 13% no volume de negociação institucional em comparação com o ano passado. No Brasil, o crescimento da demanda institucional é ainda mais pronunciado, e o volume quase triplicou ao longo de 2025.
Em 2026, esperamos que essa tendência se acelere à medida que as tesourarias corporativas diversifiquem seus investimentos além do Bitcoin e do Ethereum, investindo em altcoins selecionadas, e enquanto, em paralelo, governos e instituições públicas se envolvam mais ativamente por meio de marcos regulatórios e programas piloto.
2025 foi marcado pelo desenvolvimento de produtos que aumentam a usabilidade das criptomoedas, principalmente para pagamentos, e atendem a demanda do investidor institucional por serviços que permitam não apenas o aumento das carteiras, mas a oferta de ativos digitais para seus próprios usuários, usando a liquidez e a tecnologia desenvolvida pela Binance, como o Binance Wealth e o Binance Crypto-as-a-Service.
Olhando para o futuro, 2026 será um ano em que a clareza regulatória e a participação institucional se unirão para remodelar as bases do mercado. Neste aspecto, o Brasil segue em posição de destaque. Esperamos ainda poder discutir e ajustar alguns pontos da recente regulação proposta pelo Banco Central, olhando para um melhor funcionamento do mercado de ativos digitais e considerando suas especificidades, mas é certo que as regras, de forma geral, dão mais segurança jurídica para novos investidores entrarem no mercado, aumento de demanda por ativos e ainda mais incentivo ao desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Os governos não são mais observadores passivos; eles estão ativamente criando marcos regulatórios e lançando iniciativas como as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), que visam integrar os ativos digitais ao sistema financeiro tradicional com maior transparência e confiança. Este cenário regulatório em constante evolução ajudará a direcionar as avaliações para fundamentos, como utilidade prática, economia sustentável e conformidade. Isso se aplica especialmente às altcoins, que historicamente têm apresentado maior volatilidade.
Também prevemos o crescimento contínuo de ativos digitais regulamentados, como os ETFs, que oferecem pontos de entrada mais seguros e acessíveis para investidores além do Bitcoin. Enquanto isso, as stablecoins — frequentemente chamadas de “aplicativo matador” das criptomoedas neste ciclo — ultrapassaram US$ 300 bilhões em capitalização de mercado este ano, impulsionadas principalmente por regulamentações mais claras, como a Lei GENIUS nos EUA. As stablecoins estão comprovando seu valor não apenas como ferramentas de pagamento, mas também como facilitadoras da inclusão financeira, permitindo que usuários em todo o mundo realizem transações de forma integrada, quase instantânea e a custos insignificantes.
A inovação tecnológica continuará sendo um fator-chave para o setor. A convergência da inteligência artificial e do blockchain está criando uma infraestrutura financeira mais inteligente e segura. Essas duas tecnologias formarão a espinha dorsal de todos os subsetores econômicos no futuro. Na Binance, a IA já foi amplamente integrada para ajudar a impulsionar a eficiência e a segurança da plataforma. Por exemplo, ela ajudou nossos usuários a evitar milhões em perdas e desempenhará um papel ainda maior na personalização das experiências do usuário, no aprimoramento da conformidade e na proteção do ecossistema no futuro.
Em última análise, 2026 será o ano de ir além da euforia e da especulação, rumo à entrega de valor real e escalável. Acreditamos que o próximo capítulo do setor de criptomoedas será marcado pela adoção consciente, pela confiança e pelo impacto a longo prazo. Quando a inovação encontrar a responsabilidade, os ativos digitais se tornarão parte integrante das finanças do dia a dia.
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