Uma pesquisa divulgada pelo Sebrae revela um dado preocupante: cerca de 60% dos empreendedores no Brasil não realizam nenhum tipo de planejamento financeiro de longo prazo. Esse comportamento pode comprometer a sustentabilidade e o crescimento de micro e pequenas empresas, especialmente em um cenário econômico marcado por incertezas e desafios constantes.
A falta de planejamento financeiro está ligada a uma visão de curto prazo predominante entre os pequenos negócios. Para a cofundadora da Divibank, Rebecca Fischer, a maioria dos donos de negócios prioriza resolver problemas imediatos, como fluxo de caixa e despesas operacionais, mas acaba negligenciando investimentos e reservas que poderiam garantir segurança e crescimento no futuro.
“É importante promover mudanças culturais e estruturais no ecossistema de negócios brasileiro, especialmente no que diz respeito à gestão financeira. Conceitos como crédito, fluxo de caixa e taxa de retorno precisam ser melhor compreendidos pelos empresários, independentemente do tamanho de suas empresas. Ferramentas financeiras simples e acessíveis, como linhas de crédito estruturadas e produtos de renda fixa, podem oferecer suporte para criar reservas estratégicas, garantindo maior estabilidade em momentos de crise e permitindo o aproveitamento de oportunidades de crescimento”, afirma.
O cenário é preocupante também no que se refere ao fechamento de empresas. De acordo com o Sebrae, em torno de 21% das empresas brasileiras encerram suas atividades antes de completar dois anos de existência, muitas vezes devido a problemas de gestão e falta de planejamento.
A educação financeira também é uma peça-chave para transformar essa realidade e, não à toa, iniciativas voltadas à capacitação dos empresários poderiam ajudar a preencher lacunas de conhecimento sobre conceitos básicos como taxa de retorno e diversificação. Sem essa base, muitos empreendedores ficam limitados em sua capacidade de utilizar instrumentos financeiros que podem garantir estabilidade a longo prazo.
De fato, a falta de planejamento não impacta apenas as finanças do negócio, mas também reduz a competitividade das empresas no mercado. Organizações que implementam estratégias financeiras sólidas conseguem se posicionar melhor diante de crises econômicas e se preparar para o crescimento sustentável.
O dado alarmante serve como um alerta para que o empreendedor brasileiro mude a forma como enxerga suas finanças. “A gestão financeira estratégica é o que diferencia empresas que apenas sobrevivem daquelas que prosperam. O planejamento de longo prazo não é um luxo, mas uma necessidade em um mercado tão competitivo quanto o brasileiro”, destaca Rebecca Fischer.
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