O mercado de criptomoedas teve um forte desempenho em abril, com uma valorização de 9,9% na capitalização total, recuperando-se da queda do mês anterior. Essa retomada está amplamente ligada à suspensão temporária de tarifas por 90 dias, o que trouxe alívio momentâneo aos mercados — embora tenha excluído parceiros estratégicos como Canadá, México e China.
Apesar do respiro, o sentimento do investidor ainda é de cautela. O pano de fundo macroeconômico continua instável, com baixa confiança no comércio e nos negócios globais, influenciada por tensões comerciais persistentes e incertezas geopolíticas.
Bitcoin atinge domínio de 63% com narrativa de “ouro digital”
O destaque do mês foi o Bitcoin, que atingiu uma dominância de 63%, o maior nível dos últimos quatro anos. Essa alta reflete uma combinação de fatores:
- Condições financeiras apertadas;
- Crescente incerteza geopolítica;
- Narrativa consolidada de hedge contra riscos e inflação.
Além disso, o Bitcoin continua sendo a principal escolha de investidores institucionais. Os ETFs de Bitcoin atraíram significativamente mais entradas de capital do que os de Ethereum, reforçando sua posição como ativo de reserva no ecossistema digital.
Expansão de liquidez global impulsiona o apetite por risco
Outro fator de sustentação para os criptoativos, especialmente o Bitcoin, foi a contínua expansão da liquidez global. A base monetária M2 dos países do G4 (EUA, Japão, China e Europa) deve ultrapassar US$ 93 trilhões, um novo recorde histórico. Essa injeção de liquidez decorre de políticas monetárias expansionistas e estímulos fiscais contínuos.
Historicamente, existe uma forte correlação entre o crescimento do M2 e o valor de mercado do Bitcoin — atualmente com um coeficiente de correlação de 0,79. Esse ambiente favorece ativos escassos e hedges contra inflação, sustentando a demanda pelo BTC.
CeFi ganha espaço após virada regulatória
Desde dezembro de 2024, as empresas de Finanças Centralizadas (CeFi) passaram a liderar o volume de captação de recursos no mercado cripto. Elas responderam por 41,42% dos fundos levantados mensalmente, um salto expressivo em relação aos 6,07% entre abril e novembro de 2024.
Esse movimento acompanha a mudança regulatória após a eleição do presidente Trump, que trouxe maior clareza e previsibilidade ao setor. Como resultado, plataformas CeFi voltaram ao radar de investidores como fontes confiáveis de serviços financeiros.
Aplicações dominam taxas on-chain, mas dependem de stablecoins
Outro dado revelador de abril foi a mudança estrutural no modelo de captação de valor das blockchains. As camadas de aplicação — interfaces e serviços voltados ao usuário — agora concentram mais de 70% das taxas on-chain, enquanto as taxas de protocolo caíram para 28,8%.
As emissoras de stablecoins lideraram o ranking, com 47,2% das taxas, seguidas pelas DEXs e protocolos de staking líquido. No entanto, sem as stablecoins, a participação da camada de aplicação despenca para 24%, mostrando que o crescimento depende fortemente de casos de uso específicos.
Conclusão
Abril consolidou diversas tendências no mercado de criptomoedas:
- Bitcoin reafirma seu protagonismo como ativo institucional e hedge de liquidez.
- A expansão do M2 dos países do G4 alimenta a demanda por ativos escassos.
- O setor CeFi ressurge com força após mudanças regulatórias.
- A economia de taxas on-chain se desloca para as camadas voltadas ao usuário, ainda com forte dependência de stablecoins.
Com esse cenário, o Bitcoin segue bem posicionado para continuar superando os criptoativos mais arriscados, enquanto os mercados aguardam sinais mais claros sobre o futuro da política monetária e da geopolítica global.
O relatório completo pode ser acessado em: https://www.binance.com/en/research/analysis/monthly-market-insights-2025-05/
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