A autoridade fiscal da Rússia defende a criação de infraestrutura legal para negociação de criptomoedas dentro do país. Com isso, Moscou pode estar pavimentando o caminho para a criação de exchanges locais de criptoativos.
Mineração legal, venda ilegal?
A Rússia legalizou recentemente a atividade de mineração de criptomoedas. No entanto, os mineradores ainda enfrentam um impasse: não podem vender seus ativos digitalmente produzidos dentro do próprio país. Isso está criando um desequilíbrio no setor e travando o desenvolvimento da indústria.
Daniil Egorov, chefe do Serviço Federal de Impostos da Rússia (FNS), foi direto ao ponto durante o St. Petersburg International Economic Forum (SPIEF):
“Se a mineração é legal, então a venda também deve ser.”
Hoje, os mineradores russos precisam vender seus ativos no exterior, recorrendo a plataformas internacionais, dificultando a tributação e o reinvestimento local.
Por que a legalização do trade doméstico é estratégica?
A legalização da negociação de criptoativos em território russo não é apenas uma questão de coerência regulatória. Trata-se de uma necessidade estratégica, especialmente em meio às sanções internacionais que isolam o país do sistema financeiro global.
Segundo Egorov, mais de mil empresas e dois mil cidadãos já operam como mineradores na Rússia. Em abril, 722 entidades já estavam registradas, incluindo 116 operadores de infraestrutura de mineração — ou seja, empresas que oferecem serviços de hospedagem e suporte técnico para a mineração de terceiros.
Porém, a realidade ainda mostra uma grande economia paralela: apenas 30% dos participantes do setor se registraram oficialmente, revelou Ivan Chebeskov, vice-ministro das Finanças da Rússia.
Exchanges cripto russas à vista?
Segundo o próprio Chebeskov, o Ministério das Finanças e o Banco Central da Rússia estão considerando a criação de plataformas locais de negociação, dentro do Regime Jurídico Experimental (ELR) criado para fomentar o uso de criptomoedas no comércio internacional.
Essa medida vem como resposta direta às restrições financeiras internacionais impostas após a invasão da Ucrânia. Sem acesso pleno ao sistema SWIFT e outras redes bancárias ocidentais, o país busca formas de manter a fluidez de suas operações comerciais e proteger seus ativos.
Embora o uso popular de criptomoedas já esteja disseminado entre os cidadãos russos, as autoridades são claras: a negociação formal deve ser restrita a investidores qualificados — ou seja, aqueles com capital relevante, conhecimento técnico e maior apetite ao risco.
Cripto é inevitável — até para a Rússia
Enquanto o Ocidente intensifica o cerco econômico, a Rússia parece ter entendido o valor da descentralização. A pressão para a legalização da negociação doméstica de criptomoedas revela uma guinada importante: o país está cada vez mais disposto a adotar o blockchain como infraestrutura crítica para seus próprios interesses soberanos.
A pergunta que paira agora é: qual modelo de exchange será adotado? Haverá interoperabilidade com outras plataformas descentralizadas? Ou veremos um ecossistema fechado e estatalizado?
O que está claro é que, mesmo com o conservadorismo regulatório, a Rússia já reconhece que o Bitcoin e outras criptos são ativos estratégicos — seja como reserva de valor, mecanismo de evasão de sanções, ou ferramenta de modernização da economia.
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