O tão aguardado acordo tarifário entre Estados Unidos e China trouxe alívio aos mercados globais, mas o mesmo não se refletiu no preço do Bitcoin (BTC). A criptomoeda registrou queda de 1,72% na semana, mesmo após o anúncio da trégua comercial, sinalizando perda de força no impulso de alta que marcou o início de outubro.
A fraqueza do BTC contrastou com o bom desempenho de ativos de risco tradicionais: o índice Nasdaq 100 subiu cerca de 2,7%, impulsionado por resultados corporativos sólidos e pela redução das tensões geopolíticas.
Trégua EUA-China traz alívio, mas não empolga o Bitcoin
Durante a cúpula entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, a China aceitou três demandas centrais de Washington — incluindo o adiamento das restrições à exportação de terras raras e a retomada das importações de soja americana. Em contrapartida, os EUA reduziram suas tarifas médias de 57% para 47%, e ambos os países concordaram em realizar visitas recíprocas em 2025.
O acordo resultou em recuo nos preços do ouro, que voltou ao patamar pré-conflito, por volta de US$ 3.990 por onça, e melhorou o sentimento dos investidores. No entanto, o Bitcoin continuou pressionado, negociado a cerca de US$ 110 mil, uma queda de 9,4% desde 10 de outubro.
Analistas on-chain explicam que o movimento reflete a exaustão do mercado após a liquidação de US$ 19 bilhões em posições alavancadas durante a forte correção de 10 de outubro — evento que drenou o principal combustível da última alta.
Powell traz incerteza e ofusca trégua comercial
O outro evento crucial foi a reunião do Federal Reserve (Fed), realizada entre 29 e 30 de outubro. O banco central cortou os juros em 0,25 ponto percentual e anunciou o fim do aperto quantitativo (QT) a partir de 1º de dezembro — uma notícia que, em tese, deveria favorecer o Bitcoin e outros ativos de risco.
Porém, a reação foi o oposto. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que um novo corte em dezembro não está garantido, lançando dúvidas sobre a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário.
Antes da fala de Powell, o CME FedWatch Tool indicava 91,5% de probabilidade de um corte adicional. Após o discurso, a chance despencou para 55%, provocando uma queda imediata de 2% no Bitcoin. No domingo, a probabilidade havia se recuperado parcialmente para 70,4%, mas o sentimento de incerteza permaneceu.
Fed mantém discurso cauteloso
Vários dirigentes do Fed apoiaram Powell nos dias seguintes. Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, afirmou que o discurso refletiu bem a diversidade de visões dentro do Comitê. Outros membros, como Lisa D. Cook, Michelle W. Bowman, Michael S. Barr e Christopher J. Waller, farão discursos nesta semana — eventos que podem gerar nova volatilidade nos mercados.
Olho nos dados: indicadores de emprego podem decidir rumo do Bitcoin
A semana será decisiva. Uma bateria de dados de emprego e inflação ajudará a moldar as expectativas sobre juros em dezembro. Estão no radar:
- JOLTs (abertura de vagas) – terça-feira (3)
- ADP (emprego privado) – quarta-feira (4)
- Pedidos de auxílio-desemprego – quinta-feira (5)
- Índice de expectativas de inflação de Michigan – sexta-feira (6)
Resultados mais fortes que o esperado podem reduzir as chances de novos cortes de juros, pressionando o Bitcoin e o restante do mercado cripto.
Enquanto isso, o Altcoin Season Index caiu para 41, o menor nível desde agosto, sinalizando um mercado mais cauteloso e concentrado no Bitcoin.
O que esperar daqui pra frente?
O Bitcoin pode continuar preso em um intervalo lateral enquanto os investidores aguardam clareza sobre a política monetária do Fed. Se os próximos dados mostrarem desaceleração econômica, o ativo tende a se beneficiar com maior probabilidade de corte de juros em dezembro.
Por outro lado, dados fortes e discursos mais duros de autoridades do Fed podem intensificar a correção de curto prazo, testando o suporte próximo aos US$ 105 mil.
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