“Se os criminosos estão se adaptando às novas tecnologias, nós precisamos fazer o mesmo”, alerta perito em crimes digitais
Durante o ano de 2024, testemunhamos uma evolução significativa da tecnologia, com destaque para a Inteligência Artificial Generativa. Empresas do setor se multiplicaram e passaram a valer milhões. Embora o avanço dessas plataformas tenha trazido benefícios para empresas e pessoas comuns, também possibilitou maior movimentação de criminosos digitais, que passaram a usar as novas ferramentas tecnológicas para aplicar golpes mais sofisticados.
O perito em crimes digitais e CEO da EnetSec, Wanderson Castilho, explica que toda evolução tecnológica é comparável a uma faca de dois gumes. Enquanto há um lado proveitoso e lucrativo, o oposto também se manifesta.
“Temos sempre que nos lembrar que, enquanto estamos usando as novas tecnologias para otimizar as tarefas do dia a dia, os golpistas também estão fazendo uso das mesmas ferramentas para aplicar novas fraudes. E, se eles estão se adaptando às novas tecnologias, nós precisamos fazer o mesmo para não nos tornarmos as próximas vítimas”, pontua Castilho.
Golpes mais comuns de 2024
Golpes com Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial chegou para ficar e já demonstrou como pode facilitar diversas tarefas, desde a criação de listas de compras até o comando remoto de veículos. Porém, criminosos rapidamente adotaram ferramentas de edição de vídeo e áudio para copiar imagens e vozes de pessoas e aplicar golpes.
“Um tipo de fraude alarmante em 2024 foram os casos de deepfake. Essa tecnologia permite que golpistas reproduzam com precisão a aparência ou voz de alguém, dificultando a identificação e enganando pessoas próximas às vítimas. Os cibercriminosos usaram essa técnica para pedir dinheiro ou acessar senhas, obtendo vantagens financeiras de maneira fraudulenta”, explica o perito.
Golpes do PIX
Lançado em 2020, o Pix democratizou as transações bancárias, facilitando movimentações financeiras. No entanto, fraudadores exploraram táticas como:
- Bug do Pix: Promessa falsa de dobrar valores transferidos mediante códigos específicos.
- Desvio do Pix: Uso de aplicativos aparentemente inofensivos, como jogos, para monitorar aplicativos bancários instalados no celular da vítima.
Essas práticas resultaram em sérios prejuízos financeiros para muitas vítimas.
Golpes de WhatsApp
Com uma base de usuários que abrange 93,4% da população brasileira, segundo o Data Report 2024, o WhatsApp se tornou um alvo frequente de golpes. Mensagens de texto fingindo ser de empresas legítimas, solicitando informações pessoais ou induzindo cliques em links maliciosos, foram amplamente utilizadas.
“Outro golpe recorrente é o do WhatsApp clonado, no qual os golpistas assumem o controle da conta da vítima. Eles acessam contatos, roubam a foto e entram em contato com conhecidos solicitando dinheiro”, alerta Castilho.
Tendências de golpes para 2025
O cenário para 2025 promete ser ainda mais dinâmico do que em 2024. “Estamos vivendo um momento importante na área tecnológica. O desenvolvimento e a adesão das novas ferramentas certamente trarão novos desafios para a cibersegurança. No entanto, isso não significa que criminosos irão abandonar técnicas antigas, já que muitas ainda são altamente eficazes”, salienta Castilho.
Golpes com IA generativa
Fraudes envolvendo IA generativa devem se tornar ainda mais sofisticadas. Interfaces em ascensão continuarão sendo usadas para criar comunicações fraudulentas persuasivas, como e-mails e mensagens de texto. Deepfakes mais avançadas potencializarão golpes financeiros e ataques direcionados.
Ataques a carteiras digitais
Com a popularização dos sistemas de pagamento digital e carteiras virtuais, golpistas devem direcionar esforços para roubar credenciais bancárias. Métodos como phishing e engenharia social continuarão sendo usados para acessar contas financeiras. A conscientização dos usuários será essencial para evitar prejuízos.
Sobre Wanderson Castilho
Com mais de 5 mil casos resolvidos, Wanderson Castilho é um perito cibernético renomado, autor de quatro livros e atuante há 30 anos no mercado. Certificado pelo Instituto de Treinamento de Análise de Comportamento (BATI) da Califórnia, responsável por treinar agentes do FBI, CIA e NSA, Castilho é especialista em investigação de crimes digitais e detecção de mentiras. Sua recente certificação em investigação de criptomoedas pelo Blockchain Intelligence Group o coloca entre os maiores especialistas globais em crimes cibernéticos.
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